sexta-feira, 29 de novembro de 2013






ACUMULADORES COMPULSIVO



O acumular de bens, animais ou de objetos, que por vezes são até provenientes da rua ou do lixo, para uma eventual utilização futura pode parecer uma situação estranha, mas é o sintoma de uma perturbação que afeta inúmeras pessoas e muitos idosos que vivem sozinhos, isolados e em situações precárias. Saiba quais são os sinais de acumulação compulsiva e como poderá obter ajuda para os tratar.

O Que é a  Acumulação  Compulsiva

A acumulação compulsiva ou acumulação patológica ou disposofobia, consiste na aquisição ou recolha ilimitada de bens ou objetos que, por vezes, já foram deitados pelos outros ao lixo. As pessoas que sofrem desta perturbação, maioritariamente idosos, acumulam tudo o que podem para mais tarde conseguirem dar uma resposta eficaz a uma eventual emergência. Além disso, são incapazes de usar ou deitar fora os objetos ou bens mesmo quando eles são inúteis, perigosos ou insalubres.
A acumulação compulsiva também é conhecida como Síndrome de Miséria Senil ou Síndrome de Diógenes, devido ao filósofo grego, Diógenes de Sinope, que vivia como um mendigo, dormia num barril e recolhia da rua inúmeros objetos sem valor. Trata-se de uma perturbação que conduz ao isolamento social, diminui a mobilidade e interfere com a realização das tarefas mais básicas do dia-a-dia, como a alimentação de um idoso, a forma de se vestir e a sua higiene pessoal.
O acumulador compulsivo no seu extremo é por vezes apelidado de “colecionador de lixo”, uma vez que reúne determinados artigos que produzem maus cheiros e estes atraem insetos e roedores. Essa pessoa também poderá juntar livros, revistas, ferramentas, recipientes, metais, móveis, eletrodomésticos, entre outros materiais, correspondendo à imagem dos sem-abrigo que juntam todo o tipo de velharias. Também é de realçar que um acumulador compulsivo pode reunir um número exagerado de animais de estimação e, na maioria das vezes, não tem como os alimentar nem como os abrigar corretamente.
Para entender como os acumuladores compulsivos chegam a este ponto, é necessário perceber o funcionamento da desordem mental, tentando compreender que, para as pessoas afetadas, nenhum dos objetos recolhidos é lixo.

Porque é que as pessoas Acumulam Compulsivamente
A acumulação compulsiva é sintoma de uma doença mental, nomeadamente um transtorno de ansiedade que muitos especialistas afirmam ser um transtorno obsessivo compulsivo. Trata-se de uma perturbação que é definida por três características principais:
·         A coleção obsessiva de bens ou objetos que parecem inúteis para a maioria das pessoas
·         A incapacidade de se livrar de qualquer um dos objetos ou bens recolhidos
·         Um estado de aflição ou de perigo permanente
Tal como a maioria dos comportamentos obsessivos, a acumulação compulsiva começa de uma maneira lenta e desenvolve-se de uma forma progressiva. Por exemplo, uma pessoa pode pensar que a informação que surge no jornal de hoje pode ser muito útil num momento posterior e, como tal, vê-se obrigada a guardar o respetivo jornal. Posteriormente, pode considerar que, acidentalmente, colocou algo de valioso no lixo e mantém esse saco de lixo em casa. E a partir daí pode passar a colecionar todos os objetos ou animais que encontra na rua, de modo a atenuar os seus sintomas de ansiedade.
A acumulação compulsiva pode ser um indicador de um enorme sentido de responsabilidade ou medo de errar, pois é uma forma das pessoas se auto pressionarem para fazerem tudo bem feito.

Quais Os Sinais De Acumulação Compulsiva
Uma sala cheia de livros ou de animais de estimação não significa que uma pessoa seja um acumulador compulsivo. A acumulação compulsiva interfere com os passatempos e atividades do dia-a-dia e faz com que os seus pacientes queiram ficar isolados, sem ver outras pessoas. Normalmente, eles vivem em condições anti-higiénicas, são pessoas deprimidas, por vezes incapazes de cuidar de si próprios e acabam por ficar muitas vezes doentes. Existem determinados sinais que indicam que uma pessoa sofre de acumulação compulsiva. Dos mais importantes, destacam-se os seguintes:
·         Recolher bens e objetos que as pessoas deitam fora e ser incapaz de se livrar deles
·         Viver em condições insalubres
·         Ser incapaz de usar as divisões da casa para a finalidade pretendida (cozinha para cozinhar, casa de banho/banheiro para cuidar da higiene pessoal, quarto para dormir)
·         Ter muitos animais de estimação à sua responsabilidade e não estar a cuidar deles da melhor maneira
·         Classificar objetos de valor como sucata ou lixo e amontoá-los em pilhas
·         Muitas pessoas repararem que existe algum problema psíquico
·         O acesso à casa estar bloqueado
Tenha em atenção que, ao fazer uma limpeza geral à casa de um acumulador compulsivo, ele vai ficar com uma sensação de vazio e perda muito grande, o que vai fazer com que recolha tudo de novo e em maiores quantidades. Para que tal não aconteça, deve procurar ajuda especializada, pois existem formas de ajudar as pessoas a superarem esta compulsão.

Quais as causas da Acumulação  Compulsiva
A acumulação compulsiva é uma perturbação mental que não nasce com a pessoa, mas podem existir traços de personalidade que conduzem ao seu aparecimento. Alguns desses traços revelam-se com a morte de um familiar, dificuldades económicas, conflitos pessoais ou profissionais ou, no caso dos idosos, por vezes com o facto de não se saberem ajustar à reforma ou solidão. Apesar da maioria dos casos surgir nos idosos, esta desordem também pode afetar pessoas mais novas, principalmente as pessoas que sofrem de esquizofrenia ou de uma doença obsessiva compulsiva.

Como tratar a Acumulação  Compulsiva
Para o acumulador compulsivo não existe nenhum erro ou problema com o seu comportamento. No entanto, esse sintoma faz parte da doença. A acumulação compulsiva é um transtorno mental que foi reconhecido recentemente e a pesquisa acerca dos melhores tratamentos está apenas a dar os primeiros passos. No entanto, alguns métodos têm tido um sucesso assinalável, como a terapia cognitivo-comportamental e a medicação adequada.
A terapia cognitivo-comportamental
A terapia cognitivo-comportamental concentra-se em localizar as causas da acumulação compulsiva, nomeadamente as raízes da ansiedade. Ao fazê-lo, é possível mudar aos poucos a mentalidade da pessoa afetada. Esta terapia pode ser muito demorada (meses ou anos) e exige grande dedicação ao processo de recuperação, mas permite que um acumulador compulsivo readquira hábitos de vida normais.
A medicação
A terapia é muitas vezes combinada com a medicação, o que ajuda a maximizar os resultados. Atualmente, os produtos farmacêuticos utilizados no tratamento da acumulação compulsiva são aqueles que são usados para ajudar os pacientes que sofrem de transtornos obsessivos compulsivos, isto é, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina e outros antidepressivos.





quinta-feira, 28 de novembro de 2013

SíNDROME DE TOURETTE




A síndrome de Tourette ou síndrome de la Tourette, também referida como SGT ou ST, é uma desordem neurológica ou neuroquímica caracterizada portiques, reações rápidas, movimentos repentinos (espasmos) ou vocalizações que ocorre repetidamente da mesma maneira com considerável frequência. Esses tiques motores e vocais mudam constantemente de intensidade e não existem duas pessoas no mundo que apresentem os mesmos sintomas. A maioria das pessoas afetadas é do sexo masculino.
A doença foi descrita pela primeira vez em 1825, pelo médico francês Jean Itard. Mais tarde, em 1885, Gilles de la Tourette publicou um relato de nove casos da doença, que denominou maladie des tics convulsifs avec coprolalie ("doença dos tiques convulsivos com coprolalia"). Posteriormente a doença foi renomeada "doença de Gilles de la Tourette", por Charcot, o influente diretor da Salpêtrière

Síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por tiques múltiplos, motores ou vocais, que persistem por mais de um ano e geralmente se instalam na infância.
Na maioria das vezes, os tiques são de tipos diferentes e variam no decorrer de uma semana ou de um mês para outro. Em geral, eles ocorrem em ondas, com frequência e intensidade variáveis, pioram com o estresse, são independentes dos problemas emocionais e podem estar associados a sintomas obsessivo-compulsivos (TOC) e ao distúrbio de atenção e hiperatividade (TDAH). É possível que existam fatores hereditários comuns a essas três condições. A causa do transtorno ainda é desconhecida.
Sintomas
Em 80% dos casos, os tiques motores são a manifestação inicial da síndrome. Eles incluem piscar, franzir a testa, contrair os músculos da face, balançar a cabeça, contrair em trancos os músculos abdominais ou outros grupos musculares, além de movimentos mais complexos que parecem propositais, como tocar ou bater nos objetos próximos.
São típicos dos tiques vocais os ruídos não articulados, tais como tossir, fungar ou limpar a garganta, e outros em que ocorre emissão parcial ou completa de palavras.
Em menos de 50% dos casos, estão presentes o uso involuntário de palavras (coprolalia) e gestos (copropraxia) obscenos, a formulação de insultos, a repetição de um som, palavra ou frase dita por outra pessoa (ecolalia).
Diagnóstico
O diagnóstico da síndrome de Tourette é essencialmente clínico e deve obedecer aos seguintes critérios: 1) tiques motores múltiplos e um ou mais tiques vocais devem manifestar-se durante algum tempo, mas não necessariamente ao mesmo tempo; 2) os tiques devem ocorrer diversas vezes por dia (geralmente em salva), quase todos os dias ou intermitentemente por um período de pelo menos três meses consecutivos; 3) o quadro deve começar antes dos 18 anos de idade.
Tratamento
A síndrome de Tourette é uma desordem que não tem cura, mas pode ser controlada. Estudos clínicos têm demonstrado a utilidade de uma forma de terapia comportamental cognitiva, conhecida como tratamento de reversão de hábitos. Ela se baseia no treinamento dos pacientes para que monitorem as sensações premonitórias e os tiques, com a finalidade de responder a eles com uma reação voluntária fisicamente incompatível com o tique.
Medicamentos antipsicóticos têm se mostrado úteis na redução da intensidade dos tiques, quando sua repetição se reverte em prejuízo para a autoestima e aceitação social. Em alguns casos de tiques bem localizados, podem ser tentadas aplicações locais de toxina botulínica (botox). Alguns autores defendem que, excepcionalmente, pode ser indicado o tratamento cirúrgico com estimulação cerebral profunda, aplicada em certas áreas do cérebro.
Recomendações

* Não adie a consulta ao médico, se notar que seu filho apresenta alguma forma de movimentos involuntários. Especialmente nas fases iniciais da vida, os portadores precisam de tratamento e não de repreensão.
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BOM DIA! 

QUE SUA QUINTA FEIRA SEJA CHEIA DE PAZ E ALEGRIA.



quarta-feira, 27 de novembro de 2013

TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO




TOC, ou transtorno obsessivo-compulsivo, é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade descrito no “Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais -DSM.IV” da Associação de Psiquiatria Americana. A principal característica do TOC é a presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões.
Entende-se por obsessão pensamentos, ideias e imagens que invadem a pessoa insistentemente, sem que ela queira. Como um disco riscado que se põe a repetir sempre o mesmo ponto da gravação, eles ficam patinando dentro da cabeça e o único jeito para livrar-se deles por algum tempo é realizar o ritual próprio da compulsão, seguindo regras e etapas rígidas e pré-estabelecidas, que ajudam a aliviar a ansiedade. Alguns portadores dessa desordem acham que, se não agirem assim, algo terrível pode acontecer-lhes. No entanto, a ocorrência dos pensamentos obsessivos tende a agravar-se à medida que são realizados os rituais e pode transformar-se num obstáculo não só para a rotina diária da pessoa como para a vida da família inteira.
Em geral, os rituais  se desenvolvem nas áreas da limpeza, checagem ou conferência, contagem, organização, simetria, colecionismo, e podem variar ao longo da evolução da doença.
Classificação
Existem dois tipos de TOC:
a) Transtorno obsessivo-compulsivo subclínico – as obsessões e rituais se repetem com frequência, mas não atrapalham a vida da pessoa;
b) Transtorno obsessivo-compulsivo propriamente dito: as obsessões persistem até o exercício da compulsão que alivia a ansiedade.
Causas
As causas do TOC não estão bem esclarecidas. Certamente, trata-se de um problema multifatorial. Estudos sugerem a existência de alterações na comunicação entre determinadas zonas cerebrais que utilizam a serotonina. Fatores psicológico e histórico familiar também estão entre as possíveis causas desse distúrbio de ansiedade.
Sintomas
Em algumas situações, todas as pessoas podem manifestar rituais compulsivos que não caracterizam o TOC. O principal sintoma da doença é a presença de pensamentos obsessivos que levam à realização de um ritual compulsivo para aplacar a ansiedade que toma conta da pessoa.
Preocupação excessiva com limpeza e higiene pessoal, dificuldade para pronunciar certas palavras, indecisão diante de situações corriqueiras por medo que uma escolha errada possa desencadear alguma desgraça, pensamentos agressivos relacionados com morte, acidentes ou doenças são exemplos de sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo.
Frequência
Em geral, só nove anos depois que manifestou os primeiros sintomas, o portador do distúrbio recebe o diagnóstico de certeza e inicia do tratamento. Por isso, a maior parte dos casos é diagnosticada em adultos, embora o transtorno obsessivo-compulsivo possa acometer crianças a partir dos três, quatro anos de idade.
Na infância, o distúrbio é mais frequente nos meninos. No final da adolescência, porém, pode-se dizer que o número de casos é igual nos dois sexos.
Tratamento
O tratamento pode ser medicamentoso e não medicamentoso. O medicamentoso utiliza antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina. São os únicos que funcionam.
A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem não medicamentosa com comprovada eficácia sobre a doença. Seu princípio básico é expor a pessoa à situação que gera ansiedade, começando pelos sintomas mais brandos. Os resultados costumam ser melhores quando se associam os dois tipos de abordagem terapêutica.
É sempre importante esclarecer o paciente e sua família sobre as características da doença. Quanto mais inteirados estiverem   do problema, melhor funcionará o tratamento.
Recomendações
* Não há quem não tenha experimentado alguma vez um comportamento compulsivo, mas se ele se repete a ponto de prejudicar a execução de tarefas rotineiras, a pessoa pode ser portadora de transtorno obsessivo-compulsivo e precisa de tratamento;
* Crianças podem obedecer a certos rituais, o que é absolutamente normal. No entanto, deve chamar a atenção dos pais a intensidade e a frequência desses episódios. O limite entre normalidade e TOC é muito tênue;
* Os pais não devem colaborar com a perpetuação das manias e rituais dos filhos. Devem ajudá-los a enfrentar os pensamentos obsessivos e a lidar com a compulsão que alivia a ansiedade;
* O respeito a rituais do portador de TOC pode interferir na dinâmica da família inteira. Por isso, é importante estabelecer o diagnóstico de certeza e encaminhar a pessoa para tratamento;
* Esconder os sintomas por vergonha ou insegurança é um péssimo caminho. Quanto mais se adia o tratamento, mais grave fica a doença.

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Transtorno da compulsão  alimentar periódica
















Dentre os transtornos alimentares, há uma nova categoria diagnóstica proposta pelo DSM-IV, para possível inclusão, denominada transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP). Encontra-se no Apêndice B do DSM-IV e, até o presente estudo, é diagnosticada nos transtornos alimentares sem outra especificação.
A caracterização desse transtorno baseia-se na presença de compulsão alimentar com subsequente angústia devido à ausência de comportamentos regulares voltados para eliminação de o excesso alimentar. A compulsão alimentar é definida atualmente por “ingestão, em um período limitado de tempo, de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria num período similar, sob circunstâncias similares, com sentimento de falta de controle sobre o consumo alimentar durante o episódio”.
O TCAP foi descrito a partir de observações de pacientes obesos, porém, apesar de bastante frequente nesse grupo, também acomete indivíduos de peso normal. Cerca de metade dos pacientes desenvolve a compulsão alimentar mesmo antes de se envolver em dietas, o que favorece, por sua vez, o ganho de peso. Estudos epidemiológicos descrevem uma prevalência de TCAP em 2% da população geral e cerca de 30% de obesos que procuram serviços especializados para tratamento de obesidade. A obesidade, no entanto, não é considerada uma doença psiquiátrica nem uma condição para um diagnóstico de transtorno alimentar; trata-se de uma condição física que advém de múltiplas causas e pode trazer variadas consequências.
O critério de diagnóstico para TCAP proposto pelo DSM-IV requer a presença de:
*  Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado por ambos os seguintes critérios:
               1. Ingestão, em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares;
               2. Um sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come).
* Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios:
1.  comer muito e mais rapidamente do que o normal;
2.  comer até sentir-se incomodamente repleto;
3.  comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto;
4.  comer sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome;
5.  sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.
* Acentuada angústia relativa à compulsão alimentar.
* A compulsão alimentar ocorre, pelo menos, dois dias por semana, durante seis meses.
* A compulsão alimentar não está associada ao uso regular de comportamentos compensatórios inadequados (por exemplo, purgação, jejuns e exercícios excessivos), nem ocorre durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa.
Portanto, de acordo com os critérios de diagnósticos, é necessário que a compulsão alimentar se dê em um período de tempo delimitado, o que exclui, por exemplo, indivíduos que “beliscam” o dia todo pequenas quantidades de alimentos. A quantidade de alimentos deve ser grande para um determinado período (por exemplo, período de duas horas), mesmo considerando-se que esse julgamento seja subjetivo.
Além disso, é importante o sentimento de perda de controle, em que o indivíduo fica sem liberdade para optar entre comer ou não comer. Por fim, o paciente deve apresentar sofrimento relativo a esse comportamento recorrente e ter sua vida pessoal comprometida em virtude dessa enfermidade.
O TCAP acomete indivíduos de todas as raças, com distribuição aproximada entre os sexos (três mulheres para cada dois homens), geralmente tendo início no final da adolescência. Mulheres com esse diagnóstico apresentam índice de massa corporal (IMC= peso/altura ao quadrado) mais alto do que mulheres sem TCAP, assim como oscilações de peso mais frequentes e maior dificuldade em aderir ou manter o peso ao tratarem a obesidade. Costumam se auto avaliar, principalmente em função de seu peso e forma do corpo, diferentemente dos obesos sem TCAP. Estudos apontam não só escores mais elevados de sintomatologia depressiva como, em média, depressão clínica completa em 50% dos casos.
Muitos autores apontam “traços” de personalidade comuns em pacientes com TCAP: baixa auto-estima; perfeccionismo; impulsividade; e pensamentos dicotômicos (do tipo “tudo ou nada”, ou seja, total controle ou total descontrole).

Diagnóstico diferencial
O principal diagnóstico diferencial a ser feito é com a bulimia nervosa. A compulsão alimentar ocorre em ambos os casos, embora as bulímicas sejam ainda mais preocupadas com o peso e, em geral, mantenham-no dentro dos limites da normalidade. Bulímicas tendem a tentar compensar o excesso alimentar imediatamente após o episódio, com métodos purgativos, especialmente vômitos, laxantes e diuréticos (em 90% dos casos). Com isso, os episódios de bulímicas costumam ser mais facilmente identificados, pois geralmente são marcados (término) pela purgação. Pacientes com TCAP até podem fazer uso de métodos purgativos, mas não costumam fazê-lo com tanta frequência e regularidade. Já o diagnóstico diferencial com bulímicas não purgadoras é mais difícil, devendo-se considerar o padrão alimentar mais restritivo do que em pacientes bulímicas. Os jejuns e os exercícios físicos extenuantes costumam ser feitos para compensar um eventual ganho de peso com a compulsão; esses comportamentos não são tão comuns em pacientes com TCAP.
Outro diagnóstico diferencial é a depressão atípica, que, em geral, envolve hiperfagia e ganho de peso entre outros sintomas. Apesar de sintomas depressivos ser comuns em pacientes com TCAP, deve-se avaliar o que é primário em cada caso: se a preocupação central é com o comportamento alimentar descontrolado, e consequente ganho de peso e baixa auto-estima, ou se prevalecem aspectos de pessimismo geral em relação à vida, tristeza e descuido de si mesmo (desvalor do corpo e saúde).
Tratamento
As pesquisas sobre o tratamento do TCAP estão em fase inicial, e, até o presente estudo, não há evidências científicas de que uma abordagem seja superior à outra. As abordagens estudadas com mais ênfase são os tratamentos com antidepressivos e as psicoterapias, sendo que as intervenções combinadas parecem ser mais eficazes.
O objetivo do tratamento é estabelecer hábitos saudáveis de alimentação e ajudar o paciente a evitar todas as formas de hiperalimentação.
A hospitalização raramente é necessária. A experiência clínica e de pesquisa indica que a grande maioria das pessoas com TCAP pode ser tratada ambulatoriamente. A hospitalização se indica quando, por exemplo, o paciente apresenta um quadro muito grave associado à depressão , ao risco de suicídio ou também a outras complicações físicas.
As drogas mais estudadas no tratamento do TCAP são os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina) e o tricíclico imipramina.
Hudson et al5 dão as seguintes recomendações para o tratamento do TCAP com antidepressivos:
1.  antidepressivos podem ser considerados como uma opção para todos pacientes com TCAP, principalmente para aqueles que não responderam aos tratamentos psicossociais.
2.  comece com um inibidor seletivo da recaptação da serotonina (fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina ou sertralina).
3.  esteja preparado, se necessário, para conduzir um mínimo de três testes com antidepressivos, no sentido de obter a melhor resposta.
4.  use doses de medicação e duração de tratamento similares àquelas utilizadas no tratamento da bulimia nervosa e da depressão maior.
As doses podem ser elevadas gradualmente a cada duas a três semanas, observando seus efeitos sobre o comportamento alimentar compulsivo, assim como o efeito sobre o humor. A droga mais utilizada tem sido a fluoxetina (Prozac, Fluxene, Daforin, Eufor, Verotina), sendo que estudos em pacientes bulímicas apontam diferenças significativas sobre a compulsão alimentar quando se utiliza 60 mg diários frente à dose de 20 mg. Não existem estudos sobre quando interromper o tratamento de forma definitiva. Recomenda-se seguir o tratamento por no mínimo um ano após a remissão dos sintomas. Algumas drogas utilizadas para obesidade têm sido testadas mais recentemente e apontam para resultados favoráveis sobre o comportamento compulsivo; é o caso da sibutramina (Reductil e Plenty), na dose de 10 mg a 15 mg diários. No entanto, deve-se atentar para interações medicamentosas, já que obesos, por várias vezes, fazem usos de outras drogas ou apresentam comorbidades clínicas (como hipertensão).
Caso o paciente esteja utilizando um IMAO (inibidor da monoamino-oxidase), deve-se respeitar o período mínimo de intervalo de 15 dias entre a retirada desse inibidor e a introdução de outro antidepressivo.
As abordagens psicoterápicas mais utilizadas e testadas são: terapia cognitivo-comportamental; terapia comportamental; psicoterapia focal; psicoterapia interpessoal; psicoterapias psicodinâmicas; tratamentos de auto-ajuda; e intervenções psicoeducacionais. Essas abordagens podem ser aplicadas individualmente ou em grupo.
A terapia cognitivo-comportamental é a que, dentre as acima citadas, tem sido mais estudada e a que aponta melhores resultados. Trata-se de uma psicoterapia de curto prazo (cerca de 12 a 16 sessões), que enfoca aspectos cognitivos do problema (pensamentos distorcidos) como a auto-avaliação centrada no peso e forma do corpo, baixa auto-estima, perfeccionismo e outros aspectos, enquanto a parte comportamental enfoca os hábitos alimentares inadequados.








TRANATORNO COMPULSIVO POR COMPRAS






Oniomania (do grego onios, à venda, e mania, insanidade) é o termo técnico para o desejo compulsivo de comprar, mais comumente conhecido como síndrome do comprar compulsivo. O termo foi inicialmente utilizado por Kraepelin em 1915 e Bleuler em 1924. Embora tenha sido descrita há mais de cem anos, só nos últimos 15 anos a doença voltou a ser estudada, o que faz com que seja virtualmente desconhecida nas discussões sobre saúde mental. No entanto, o quadro parece estar a aumentar globalmente já que o terreno para seu desenvolvimento é fertil no mundo moderno, com o advento de catálogos de compras pelos correios, canais de televisão dedicados a vendas e compras pela internet.
Várias figuras históricas apresentaram episódios de compras em excesso. A rainha francesa Maria Antonieta era conhecida e odiada por seus excessos. Na mesma lista figuram nomes como Jackeline Kennedy Onassis, Imelda  Marcos e a Princesa Diana. Segundo seus biógrafos, os episódios de compras desregularadas custaram-lhes dinheiro, problemas pessoais e, no caso de Maria Antonieta, a própria vida. Se de fato estas figuras apresentavam oniomania é motivo de especulações. Como o transtorno propriamente dito ainda nem mesmo figura nos sistemas de classificação em psiquiatria (CID-10 e DSM-V-TR), não há uma uniformidade de critérios e nomes para defini-lo de forma adequada. Neste momento pessoas com compulsão por compras são enquadradas em "outros transtornos dos impulsos" e ainda há muita discussão se a oniomania é de fato um transtorno psiquiátrico em si ou um construto destes tempos modernos de materialismo e consumismo. Mesmo entre o que acreditam que sua classificação está por vir no DSM-V, debate-se se é um transtorno que assemelha-se às dependências químicas, se faria parte do espectro obsessivo-compulsivo ou se é mais classificado em dependências comportamentais. Todas estas especulações tornam difícil seu diagnóstico, mas alguns critérios foram sugeridos na literatura científica (McElroy et al., 1994):
1. Preocupações ou compras mal-adaptadas como indicadas pelos seguintes:
  • Preocupações ou impulsos frequentes que são sentidos como irresistíveis, intrusivos ou sem sentido
  • Compras frequentes de mais do que se pode pagar, de itens que não são necessários ou comprar por períodos maiores do que planejado
  • Evidência de sofrimento marcado, consumo do tempo, interferência significativa do funcionamento social ou ocupacional, ou problemas financeiros
2. Não ocorre exclusivamente durante períodos de hipomania ou mania

Segundo a literatura científica no assunto, do dinheiro gasto pelos compradores compulsivos, 96% os gastam em roupas, 75% compram sapatos, 33% maquiagem, 42% jóias, 21% CDs e 25% gastam com itens colecionáveis (Christenson et al., 1994).

Para os leigos, algumas perguntas podem ajudar a avaliar seu comportamentos de compras:


  • Você se sente preocupado\a em demasia com o ato de comprar ou gastar dinheiro?
  • Você acha que seu comportamento de comprar é excessivo, impróprio ou descontrolado?
  • Seus desejos, urgências, impulsos, comportamentos ou fantasias sobre comprar consomem muito tempo e lhe deixam chateado\a ou culpado\a e ocasionam sérios problemas na sua vida?


Como reconhecer se você é um comprador compulsivo?

Compradores compulsivos, quando se sentem deprimidos compram ou gastam para sentir-se melhor. Eles comprar para sentir um efeito euforizante, de certa forma semelhante a um toxicodependente, que usa drogas para conseguir um "barato". Em geral, quanto mais caro ou mais supérfluo o item comprado (por exemplo, joias), maior o efeito euforizante. As compras compulsivas afetam mais mulheres que homem e em geral o comprador gasta em coisas que não precisa. As festas de fim de ano ou datas comemorativas caracterizadas por compras fazem com que todos nós gastemos mais do que planejado. Todos sofremos com compras compulsivas nestas épocas, que chamamos de "binge". Um comprador compulsivo apresenta diversos períodos de binge por ano e estes podem ser restritos a apenas um tipo de compra, como sapatos, por exemplo. Na casa de um comprador compulsivo podem se encontrar pilhas de objetos comprados ainda com as etiquetas. Muitas vezes compra-se roupas ou sapatos que nem mesmo servem. Alguns nem mesmo se lembram de tê-los comprado. Quando a família começa a reclamar do comportamento, o comprador compulsivo começa a mentir ou a comprar escondido e a esconder os objetos pela casa. Conforme as dívidas começam a acumular, os relacionamentos interpessoais sofrem.

Tratamento

Como o transtorno ainda não é bem definido na literatura científica, diversos tratamentos  tem sido propostos:

  • psicoterapia (seja ela psicanalítica, cognitivo-comportamental)
  • tratamento com medicamentos para os casos mais graves
  • mudança de hábitos
Mudança de hábitos

Para prevenir compras compulsivas, os sofredores são orientados a alterar alguns hábitos em suas vidas:
  • Compre apenas com dinheiro e cartão de débito.
  • Destrua seus cartões de crédito, deixando apenas um guardado em local seguro para o caso de emergências.
  • Faça listas de compras e só compre o que está na lista
  • Evite lojas em promoção. Se você for a uma, tenha a quantia certa de dinheiro que queira gastar consigo.
  • Só passeie para ver vitrines quando as lojas já estiverem fechadas. Se você for passear em lojas ou ver vitrines em horário comercial, deixe sua carteira em casa.
  • Não receba catálogos de compras por telefone ou internet em casa. Se eles chegarem pelo correio, jogue-os direto no lixo. Não assista canais de compras
  • Se você for viajar para ocasiões festivas, compre os presentes e embrulhe-os antes mesmo de sair de casa.
  • Nomeie os sentimentos: porque você compra? Porque está deprimido? Porque está entediado? Porque está se sentindo mal?
  • Exercite-se quando o impulso de comprar aparecer
  • Evite lugares e pessoas que fazem com que você gaste dinheiro
  • Leve um amigo em quem possa confiar se tiver que fazer compras
  • Pergunte a si mesmo: eu realmente preciso disto ou estou comprando só porque o quero?
  • Lembre-se: se você está se sentindo fora de controle é porque realmente o está. Procure ajuda de um profissional de saúde mental para avaliação.