PATOLOGIA DA SOLIDÃO
Solidão é um sentimento no
qual uma pessoa sente uma profunda sensação de vazio e isolamento. A solidão é
mais do que o sentimento de querer uma companhia
ou querer realizar alguma atividade com outra pessoa não por que
simplesmente se isola mas por que os seus sentimentos precisam de algo novo que
as transforme.
Solidão não é o
mesmo que estar desacompanhado. Muitas pessoas passam por momentos em que se
encontram sozinhas, seja por força das circunstâncias ou por escolha própria.
Estar sozinho pode ser uma experiência positiva, prazerosa e trazer alívio
emocional, desde que esteja sob controle do indivíduo solicitude é o estado de se estar sozinho e
afastado das outras pessoas, e geralmente implica numa escolha consciente. A
solidão não requer a falta de outras pessoas e geralmente é sentida mesmo em
lugares densamente ocupados. Pode ser descrita como a falta de identificação,
compreensão ou compaixão.
Em
seu crescimento como indivíduo, o ser humano começa um processo de separação
ainda no nascimento, a partir do qual continua a ter uma independência
crescente até a idade adulta. Desta forma, sentir-se sozinho pode ser uma
emoção saudável e, de fato, a escolha de ficar sozinho durante um período de solicitude
pode ser enriquecedora. Para sentir solidão, entretanto, o indivíduo passa por
um estado de profunda separação. Isto pode se manifestar em sentimentos de
abandono, rejeição, depressão, insegurança, ansiedade, falta
de esperança, inutilidade, insignificância e ressentimento. Se tais sentimentos
são prolongados eles podem se tornar debilitantes e bloquear a capacidade do
indivíduo de ter um estilo de vida e relacionamentos saudáveis. Se o indivíduo
está convencido de que não pode ser amado, isto vai aumentar a experiência de
sofrimento e o consequente distanciamento do contato social. A baixa
auto-estima pode dar início à desconexão social que pode levar à solidão.
Em
algumas pessoas, a solidão temporária ou prolongada pode levar a notáveis
expressões artísticas e criativas. Isto não implica dizer que a solidão
desencadeia criatividade, ela simplesmente foi, neste caso, uma influência no
trabalho então realizado pelo artista.
CAUSAS
s pessoas podem
sentir solidão por muitas razões e muitos eventos da vida estão associados a
ela. A falta de amizades durante a infância e adolescência ou a falta de
pessoas interessantes podem desencadear não só a solidão, mas também a
depressão e o celibato involuntário. Ao mesmo tempo, a
solidão pode ser um sintoma de outro problema social ou psicológico, que
deveria ser tratado.
Muitas
pessoas passam pela experiência da solidão pela primeira vez quando são
deixadas sozinhas quando crianças. É um pensamento muito comum, embora
temporário, em consequência de um divórcio ou a perda de algum relacionamento
afetivo de longa duração. Nesses casos, a solidão pode ocorrer tanto por causa
da perda do outro indivíduo quanto pelo afastamento do círculo social do quais
ambos fazia parte, causado pela tristeza associada ao evento.
A
perda de alguém significativo na vida de uma pessoa tipicamente provoca um
período de lamentação, onde o indivíduo sente-se sozinho mesmo na presença de
outros. A solidão pode ocorrer também após o nascimento de uma criança, um
casamento ou outro evento socialmente disruptivo, como a mudança de um
estudante para um campus universitário.
A solidão pode ocorrer dentro de um casamento ou relacionamentos íntimos similares
quando há raiva, ressentimento ou quando o amor dado não é correspondido. Pode
também representar uma disfunção de comunicação. Aprender a lidar com mudanças
de estilos de vida é essencial para superar a solidão.
SOLIDÃO
NA SOCIEDADE MODERNA
A solidão ocorre
com frequência em cidades densamente populosas; nestas cidades
muitas pessoas podem se sentir totalmente sozinhas e deslocadas, mesmo quando
rodeadas de pessoas. Elas sentem a falta de uma comunidade identificável numa
multidão anônima. É incerto se a solidão é uma condição agravada pela alta
densidade populacional ou se é uma condição humana trazida à tona por tal
estrutura social. De fato a solidão ocorre mesmo em populações menores e menos
densas, mas a quantidade de pessoas aleatórias que entram em contato com o
indivíduo diariamente numa cidade grande pode levantar barreiras de interação
social, uma vez que não há profundidade nos relacionamentos, e isso pode levar
à sensação de deslocamento e solidão. A quantidade de contatos não se traduz na
qualidade dos contatos.
A
solidão parece ter se tornado particularmente prevalente nos tempos modernos.
No começo do século XX as famílias,
eram tipicamente maiores e mais estáveis, os divórcios eram raros e relativamente poucos
pessoas viviam sozinhas. Hoje, há uma tendência de inversão desses valores:
cerca de um quarto da população dos Estados
Unidos vivia sozinha
em 1998. Em 1995, 24 milhões de
estadunidenses viviam sozinhos em casa; em 2010, estima-se que este
número chegará a cerca de 31 milhões. Um estudo de 2006 da revista American Sociological Review descobriu que os estadunidenses têm,
em média, dois amigos próximos com quem trocam confidências, abaixo da média de
três encontradas numa pesquisa similar em 1985. O percentual de
pessoas que declararam não ter amigos confidentes cresceu de 10 para quase 25%,
e 19% adicionais disseram ter somente um único amigo confidente (geralmente o
cônjuge), aumentando o sério risco de solidão no caso do fim de tal relacionamento.
SOLIDÃO
COMO CONDIÇÃO HUMANA
A
escola existencialista vê
a solidão como essência do ser humano. Cada pessoa vem ao mundo sozinha,
atravessa a vida como um ser em separado e, no final, morre sozinho. Aceitar o
fato, lidar com isso e aprender como direcionar nossas próprias vidas de forma
bela e satisfatória é a condição humana. Alguns
filósofos, como Jean-Paul
Sartre, acreditaram numa solidão epistêmica, onde a solidão é parte
fundamental da condição humana por causa do paradoxo entre
o desejo consciente do homem de encontrar um significado dentro do isolamento e
do vazio do universo.
Entretanto, alguns existencialistas pensam o oposto: os indivíduos precisariam
se engajar ativamente uns aos outros e formar o universo na medida em que se
comunicam e criam, e a solidão é meramente o sentimento de estar fora desse
processo.
TRATAMENTO
Existem muitas
formas diferentes para tratar a solidão, o isolamento
social e a depressão.
O primeiro passo, e o mais frequentemente recomendado, é a terapia. A terapia é um
método comum e efetivo de se tratar a solidão, e geralmente é bem-sucedido.
Terapias curtas, o tipo mais comum, geralmente se estendem por 10 a 20 semanas.
Durante a terapia, enfatiza-se a compreensão da causa do problema; reverter os
pensamentos, sentimentos e atitudes negativas resultantes do problema; e
explorar as formas de melhora do paciente. Alguns especialistas recomendam a terapia em
grupo como uma forma
de se conectar a outras pessoas que passam pelo mesmo sofrimento e estabelecer
assim um sistema de apoio. Especialistas
frequentemente prescrevem antidepressivos como tratamento ou em conjunto com a
terapia. Geralmente ocorrem algumas tentativas de combinações de drogas até que uma combinação mais adequada
seja encontrada para o paciente — essa combinação é encontrada pelo método da
tentativa-e-erro. Alguns pacientes podem desenvolver uma resistência a certos
tipos de medicação e necessitar de uma mudança periodicamente.
Abordagens
alternativas são sugeridas por alguns especialistas. Tais tratamentos incluem
exercícios físicos, dieta, hipnose, choques elétricos, acupuntura, fitoterapia,
entre outros. Muitos pacientes relatam que a participação em tais atividades
aliviaram os sintomas relacionados à depressão, total ou parcialmente. Um outro tratamento, tanto para
depressão quanto para a solidão, é a terapia de animais de estimação, ou
terapia através da presença de animais de companhia, como cachorros, gatos, coelhos e até mesmo porquinhos-da-índia. De acordo com a agência Centers for Disease Control and
Prevention, existem vários benefícios associados aos animais de
estimação. Além de atenuar a sensação de solidão (mesmo porque isto pode também
levar à socialização com outros donos de animais semelhantes), ter um animal de
estimação diminui a ansiedade e, consequentemente, os níveis de stress no organismo.
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