SÍNDROME DO PÂNICO
Transtorno do
pânico ou Síndrome do pânico é
um transtorno de ansiedade caracterizado
por um intenso medo ou/e mal-estar com sintomas físicos e cognitivos que se
iniciam de forma brusca e alcançam intensidade máxima em cerca de 5 minutos e
causando medo de morrer persistente e recorrente, o que aumenta a chance de
outros ataques. No Brasil, cerca de 1% da população tem um ataque de pânico por ano e 5% dos adultos
relatam já terem tido pelo menos um ataque de pânico na vida, 1% deles acompanhado
de agorafobia.
CAUSA
O sistema de
"alerta" normal do organismo o conjunto de mecanismos físicos e
mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça tende a ser
desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo
iminente real. Pessoas ansiosas são mais suscetíveis ao problema do que
outras, o que envolve tanto fatores genéticos quanto aprendidos na convivência
familiar, escolar e social. Entretanto, muitas pessoas que desenvolvem este
transtorno mesmo sem ter nenhum antecedente familiar.
O cérebro produz
substâncias chamadas neurotransmissores que
são responsáveis pela comunicação que ocorre entre os neurônios (células do sistema
nervoso). Estas comunicações formam mensagens que irão determinar a
execução de todas as atividades físicas e mentais de nosso organismo (ex: fome,
sono, prazer, tristeza, etc). Um desequilíbrio na produção destes neurotransmissores
pode levar algumas partes do cérebro a transmitir informações e comandos
incorretos. Isto é exatamente o que ocorre em uma crise de pânico: existe uma
informação incorreta alertando e preparando o organismo para uma ameaça ou
perigo que na realidade não existe. É como se tivéssemos um despertador que
passa a tocar o alarme em horas inapropriadas. No caso do Transtorno do Pânico
os neurotransmissores que encontram-se em desequilíbrio são a Serotonina e
o GABA (ácido
gabaérgico) nas áreas ao redor do hipocampo e amígdala cerebelosa.
A amígdala cerebelosa tem um papel crucial
na mediação dos estímulos sensitivos provenientes do tálamo e córtex sensitivo. A
substância cinzenta periaquedutal também está envolvida na mediação da
ansiedade e do pânico. Uma diminuição do metabolismo de glicose e na quantidade
de receptores de serotonina tipo 1A nessa região podem dificultar o
auto-controle de ansiedade e dificultar o relaxamento.
SINTOMAS
Cafeína, lactato de sódio,
isoproterenol, dióxido de carbono excessivo e outras substâncias podem
desencadear crises em pessoas com pânico, enquanto apenas elevam a ansiedade em
pessoas saudáveis.
O transtorno do
pânico é caracterizado por crises súbitas frequentemente incapacitantes e
recorrentes. Os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente,
sem causas aparentes ou por meio de ansiedade excessiva motivada por estresse,
perdas, aborrecimentos ou expectativas. Depois de ter uma crise de pânico a
pessoa pode desenvolver medos irracionais, chamados fobias, dessas
situações e começar a evitá-las.
Os sintomas são
como uma preparação do corpo para fuga de uma ameaça real (sistema simpático). A adrenalina provoca
alterações fisiológicas que preparam o indivíduo para o enfrentamento desse
perigo como:
·
Aumento da frequência cardíaca (com concentração do
sangue na cabeça e membros);
·
Aumento da frequência respiratória (hiperventilação);
·
Ressecamento da boca;
·
Sensação de falta de ar (ocasionada pela não estimulação
dos nervos sensitivos intranasais);
Durante a
hiperventilação, o organismo excreta uma quantidade acima do normal de gás carbônico desequilibrando o controle
do equilíbrio ácido-básico do sangue. Quando ocorre diminuição do gás carbônico
ocorre também um aumento no pH sanguíneo (alcalose metabólica) e, consequente a isso, uma
maior afinidade da albumina plasmática pelo cálcio circulante,
o que irá se traduzir clinicamente por uma hipocalcemia relativa
(redução na quantidade de cálcio livre). Os sintomas dessa hipocalcemia
relativa são sentidos em todo o organismo:
Sistema Nervoso Central: ocorre vasoconstrição arterial que se
traduz em vertigem, escurecimento da visão, sensação de desmaio.
Sistema Nervoso Periférico: ocorre dificuldade na transmissão dos
estímulos pelos nervos sensitivos, ocasionando parestesias (formigamentos) que
possuem uma característica própria: são centrípetos, ou seja, da periferia para
o centro do corpo. O indivíduo se queixa de formigamento que acomete as pontas
dos dedos e se estende para o braço (em luva, nas mãos; em bota, nos pés),
adormecimento da região que compreende o nariz e ao redor da boca
(característico do quadro).
Musculatura Esquelética: a hipocalcemia causa aumento da
excitabilidade muscular crescente que se traduz inicialmente por tremores de
extremidades, seguido de espasmos musculares (contrações de pequenos grupos
musculares: tremores nas pálpebras, pescoço, tórax e braços) e chegando até a tetania (contração
muscular persistente). Em relação à tetania, é comum a queixa de dificuldade
para abertura dos olhos (contratura do músculo orbicular dos olhos), dor
torácica alta (contratura da porção superior do esôfago), sensação de aperto na
garganta (contração da musculatura da hipofaringe, notadamente da cricofaríngeo), de
abertura da boca (contratura do masseter e
de músculos faciais - sinal de Chvostec), e
contratura das mãos (mão de parteiro - sinal de Trousseau). São muito frequentes as
câimbras.
Alguns indivíduos
enfrentam esses episódios regularmente, diariamente ou semanalmente. Os
sintomas externos de um ataque de pânico geralmente causam experiências sociais
negativas (como vergonha, estigma
social, ostracismo etc.). É comum que o medo persista e seja
generalizado gerando agorafobia (medo de locais considerados como
desprotegidos).
EPIDEMIOLOGIA
É mais comum em
adolescentes e jovens adultos, cerca de metade dos indivíduos que têm transtorno do
pânico o manifestam entre os 15 e os 30 anos. Mulheres são duas vezes mais
propensas a desenvolverem o transtorno do pânico do que os homens.
O transtorno do
pânico pode durar meses ou mesmo anos, dependendo de como e quando o tratamento
é realizado. Se não tratado, pode piorar a ponto de afetar seriamente a vida
social do indivíduo, que tenta evitar os ataques e acaba os tendo. De fato,
muitas pessoas tiveram problemas com amigos e familiares ou perderam o
emprego em decorrência do transtorno do pânico.
Alguns indivíduos
podem manifestar os sintomas frequentemente durante meses ou anos enquanto
outros passam anos sem qualquer sintoma. Existem também algumas evidências de
que muitos indivíduos, especialmente os que desenvolvem os sintomas ainda
jovens, podem parar de manifestar os sintomas naturalmente numa idade mais
avançada (depois dos 50 anos). [carece de fontes]
TRANSTORNO
Em decorrência dos
sintomas perturbadores que acompanham o transtorno do pânico, frequentemente é
confundido com outras doenças em emergências de hospitais. Tal confusão pode
agravar o quadro do indivíduo. Muitos exames devem ser feitos para descartar outras
possibilidades, gerando ainda mais ansiedade.
O tratamento do
transtorno do pânico inclui medicamentos para
ansiedade e psicoterapia. O uso de uma nova técnica
denominada estimulação magnética transcraniana
repetitiva também pode ser útil.
Durante as crises
uma técnica simples pode ser utilizada para diminuir o mal estar, sobretudo no
peito: inspirar o ar pelo nariz até que se infle totalmente a caixa torácica,
prendê-lo por dois a quatro segundos, e soltar o ar bem devagar pela boca. O
exercício pode ser repetido por algumas vezes até que se obtenha a melhora da
sensação de dor ou desconforto no peito. O aprendizado de que o controle dos
sintomas pode ser feito através do controle da respiração é extremamente útil
no tratamento a longo prazo da Síndrome do Pânico.
Os profissionais de saúde mental que
tipicamente acompanham um indivíduo no tratamento do transtorno do pânico são
os psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes
sociais. Para prescrever um tratamento medicamentoso para o
transtorno do pânico, o indivíduo deve procurar um médico (geralmente um
psiquiatra).
A psicoterapia é
tipicamente assistida por um psiquiatra ou um psicólogo. Em áreas remotas, onde
um profissional especializado não está disponível, um médico de família pode
se responsabilizar pelo tratamento. O psiquiatra é, por formação, o mais
preparado para a prescrição de medicamentos e deve ser o profissional escolhido
caso haja disponibilidade.
Medicamentos ou
técnicas modernas podem ser utilizadas para quebrar a conexão psicológica entre
uma fobia específica
e os ataques de pânico.
MEDICAMENTO
Antidepressivos:
tomados regularmente para constituir uma resistência à ocorrência dos sintomas.
Embora tais medicamentos sejam descritos como "antidepressivos", o
seu mecanismo de ação, voltado para inibição da recaptação de serotonina,
é apontado para o efeito antipânico. Muitos indivíduos com o transtorno do
pânico não apresentam os sintomas clássicos da depressão e podem achar que os
medicamentos foram prescritos erroneamente, por isso é importante a orientação
do médico ao prescrever, assim como a combinação com a psicoterapia. Classes de
antidepressivos comumente utilizados:
·
ISRS
·
IMAO
·
Ansiolíticos (benzodiazepínicos): ministrados durante um
episódio de ataque de pânico, não trazem nenhum benefício se usados
regularmente (a não ser que os ataques de pânico sejam freqüentes). Se não
utilizados exatamente como prescritos, podem viciar.
Geralmente são mais eficazes no começo do tratamento, quando as propriedades de
resistência dos antidepressivos ainda não se consolidaram.
·
Estimulação magnética transcraniana
repetitiva: é uma técnica indolor que atinge o cérebro de
maneira não invasiva, usada desde 1985 em neurologia e
desde 1997 no
campo da psiquiatria, que pode beneficiar pacientes
refratários, ou seja, nos quais diversas combinações de medicamentos não foram
eficazes.
PROGNÓSTICO
A exposição
múltipla e cautelosa ao elemento fóbico (associado à doença) sem causar ataques
de pânico (com ajuda de medicação e técnicas de controle da ansiedade) podem
quebrar o padrão de ansiedade-pânico, possibilitando ao indivíduo
posteriormente controlar as crises sem necessitar de medicação. Algumas fobias
que se desenvolvem como resultado dos ataques de pânico podem ser eliminadas
sem medicação por meio de psicoterapia ou
simplesmente pela exposição.
Em geral, a
combinação da psicoterapia com medicamentos produz bons resultados. Alguns
avanços podem ser notados num período de seis a oito semanas. Muitas vezes, a
busca pela combinação correta de medicamentos (e mesmo de um médico com o qual
o indivíduo se sinta confortável) pode levar algum tempo. Assim, um tratamento
apropriado acompanhado por um profissional experiente pode prevenir o ataque de
pânico ou ao menos reduzir substancialmente sua frequência e severidade,
significando a recuperação eressocialização do paciente (se for o caso). Recaídas
podem ocorrer, mas geralmente são tratadas com eficácia da mesma forma que o
primeiro episódio.
Em adição, pessoas
com transtorno do pânico podem precisar de tratamento para outros problemas
emocionais. A depressão geralmente está associada ao
transtorno do pânico, assim como pode haver alcoolismo e
uso de outras drogas.
Pesquisas sugerem que tentativas de suicídio são
mais frequentes em indivíduos com transtorno do pânico, embora tais pesquisas
ainda sejam bastante controversas.
http://pt.wikipedia.org/
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