terça-feira, 3 de dezembro de 2013



            O Dr. Madan Kataria, fundou na Índia, o “Clube do Riso”. Iniciou uma revolução de risos e gargalhadas que está a difundir-se em todo o mundo. Este médico sempre sorrindo definiu o seu método: “Em suma, o yoga do riso é uma combinação de auto-indução de riso, os exercícios de yoga, respiração e exercícios de alongamento. Com um pouco de diversão se transformam em riso verdadeiro. O nosso corpo produz uma resposta semelhante à que temos de riso espontâneo”.
            Em 1995, estando a escrever um artigo para uma revista sobre a saúde, lembrou-se da expressão que o “riso era o melhor remédio” de Reades’s Digest. Então, pensou, porque não fundar um clube do riso? 0 seu pequeno grupo cresceu e hoje existem centenas de Clubes do Riso em todo o mundo.
            A alegria é um sentimento verdadeiro, que deve ser estimulado, mas nem sempre foi assim. 
            “O homem é o único animal que ri”, exprimiu Aristóteles. Mas rir era um acto medíocre, próprio das pessoas desprovidas da razão, segundo o pensamento platónico.
            A Igreja, foi mais longe quanto à censura do riso. O riso estaria associado ao escárnio e ao pecado, enquanto a tristeza expressava o arrependimento e nos aproximava mais de Deus.
            Jesus era visto como um modelo a seguir, ora nos quatro evangelhos não aparece uma única vez que Jesus tenha sorrido, pelo contrário, no evangelho de João o Mestre chora amargamente, pranteado a morte do amigo Lázaro. Por isso, convinha ver Jesus como um exemplo: não sorrir.
            O debate alongou-se durante o período medieval, os defensores do sorriso, diziam que mesmo assim, os evangelhos não diziam que o Mestre não sorrisse.
 
            Eça de Queiroz descreveu a decadência do riso que já se notava no seu tempo; lamentava-se de já não ouvir as gargalhadas que se davam na sua infância. Segundo ele: “a antiga gargalhada”, era “genuína, livre, franca, ressoante, cristalina!” No seu “século sério” segundo ele “perdemos o dom divino do riso. Já ninguém ri! Quase que já ninguém sorri”.
            Rir tornou-se sinônimo de escárnio, falta de educação e de postura. Os pais corrigem os filhos na sua espontaneidade: “Não te rias que parece mal”; “Que risada é essa? Tem juízo”. Lembro-me de ouvir, desde a minha infância dos adultos sisudos repetirem a seguinte máxima: “Muito riso, pouco siso”.
            Apareceu-me uma jovem que não sorria. Dizia que não tinha motivos para isso. Na sua casa dominava a tristeza, ninguém sorria. A sua mãe enviuvava pela segunda vez, deixando um bebé órfão. Tinha perdido o namorado, sentia-se só, no emprego achavam-na azeda e mal encarada.
            Com alguma descrença e dúvida, começou a praticar a terapia do sorriso. Como dizia Fernando Pessoa: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Começou a fazer exercícios em frente do espelho, notou que ao princípio os músculos da boca (devido à falta de prática), doíam-lhe quando os contraia. Habituou-se a sorrir. Com o tempo a sua vida transformou-se, deixou de ser uma rapariga triste e sisuda e passou a ser uma jovem alegre e simpática. Compreendeu que o problema não estava nos outros, mas em si própria.
            Os benefícios psicológicos do humor e do sorriso são surpreendentes, já não há qualquer dúvida entre os médicos e os profissionais de saúde. Geralmente, as pessoas guardam emoções negativas tais como raiva, tristeza e medo, ao invés de expressá-las. O riso possibilita uma maneira destas emoções serem liberadas inofensivamente. A risada funciona como catarse. Por isso algumas pessoas tristes ou estressadas vão ao cinema ou ao teatro para assistir a uma comédia, para que elas possam rir até mandar as emoções negativas embora (estas emoções, quando guardadas, podem causar mudanças bioquímicas que afetam o nosso organismo). Ao sorrir, o fluxo de serotonina é enviada para o cérebro, proporcionando assim uma mudança agradável no seu estado de espírito.
             Procure fazer uma lista de coisas agradáveis: acumule filmes e livros cómicos interessantes que lhe poderão proporcionar horas deleitáveis. Nas suas viagens e deslocações poderá ler alguns livros divertidos, não tenha constrangimento se eles são demasiado infantis para a sua idade e muito menos tenha vergonha de rir. 

 Publicado em Maio de 2011, na Revista Boa Estrela pelo
PROF. KIBER SITHERC


Nenhum comentário:

Postar um comentário