quinta-feira, 5 de dezembro de 2013






Em uma pesquisa realizada pela Unifesp, o número de mulheres que admitem beber frequentemente, ou seja, pelo menos uma vez por semana, cresceu 34,5% no período de 2006 a 2012. E, embora seja um tabu, é preciso reconhecer que uma mulher pode, sim, ser dependente do álcool.
Há vários fatores que podem desencadear o alcoolismo feminino, como a ansiedade, angústia, insegurança, condições culturais, fácil acesso ao álcool e até mesmo o histórico familiar de alcoolismo. A herança  geneticamente da ao individuo  mais predisposição a dependência e pode apresentar mais chances de aderir à compulsão por bebidas alcoólicas.
O alcoolismo não destrói apenas a vida da pessoa, mas, também, as relações pessoais e profissionais. O uso crônico do álcool leva a mudanças psicológicas profundas, alterando padrões éticos e emocionais de uma pessoa, deteriorando as relações familiares e sociais.
Apesar do empenho feminino em busca da igualdade, por um capricho da natureza, o metabolismo do álcool nas mulheres não é, nem jamais será igual ao metabolismo masculino. Se administrarmos para mulheres e homens a mesma dose, ajustada de acordo com os índices de massa corpórea, elas fatalmente apresentarão níveis sanguíneos mais elevados.
Nas mulheres, a fragilidade aos efeitos embriagadores é justificada pela maior proporção de tecido gorduroso, por variações na absorção do álcool no decorrer do ciclo menstrual e porque a concentração gástrica da desidrogenase alcoólica (enzima essencial para a decomposição do álcool) é mais baixa do que nos homens.
Esses mecanismos explicam por que ficam embriagadas com doses mais baixas e progridem mais rapidamente para o alcoolismo crônico e seu cortejo de complicações.
O efeito de uma cerveja no corpo feminino equivale ao de duas cervejas  tomadas por um homem de mesmo peso. Para os mesmos níveis de ingestão, o risco de cirrose nas mulheres é três vezes maior. As que tomam de 28 a 41 drinques por semana (1 drinque = 150 mL de vinho = 1 lata de cerveja = 45 mL de bebida destilada) apresentam risco de cirrose 16 vezes maior do que o dos homens abstêmios.
A avaliação de questionários aplicados durante anos consecutivos em dezenas de milhares de mulheres acompanhadas no célebre “Nurses’ Health Study”, revelou que tomar 2 ou 3 drinques diários aumenta em 40% o risco de surgir hipertensão arterial, bem como o de derrame cerebral hemorrágico.
Uma análise de seis estudos (metanálise) demonstrou que as mulheres habituadas a ingerir de 2,5 a 5 drinques por dia, apresentam probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de mama.
O uso continuado de álcool reduz a densidade da massa óssea em ambos os sexos, mas a probabilidade de provocar osteoporose é maior no feminino.
Estudos demonstram que a maior parte das mulheres bebe como forma de livrar-se das angústias associadas aos quadros depressivos. A prevalência de depressão nas que abusam de álcool é de 30% a 40%. Talvez por essa razão, tentem o suicídio 4 vezes mais do que as abstêmias.
A bebida pode causar problemas ao feto. A ingestão de álcool durante a gestação eventualmente provoca distúrbios fetais que vão do retardo de desenvolvimento à chamada síndrome alcoólica fetal.
Não há nenhum estudo que assegure existir na gravidez uma quantidade de álcool segura. É imprevisível: bebês de mães que beberam a gestação inteira podem nascer normais, enquanto os de outras que o fizeram ocasionalmente podem apresentar malformações congênitas. Por esta razão, recomenda-se que a gestante não beba, afinal são apenas nove meses.
Alguns trabalhos sugerem, no entanto, que beber pouco e regularmente é menos grave para o feto do que beber muito de uma só vez: tomar um copo de vinho por dia, durante cinco dias, traz menos riscos do que tomar os cinco numa única ocasião.
Ao contrário do que se pensavam os efeitos nocivos do álcool não se fazem sentir apenas no primeiro trimestre, período crucial para o desenvolvimento embrionário. Um estudo norte-americano mostrou que o abuso de bebida durante o segundo trimestre está associado à dificuldade dos filhos para aprender a ler e a escrever.
A complicação mais grave, porém, é a síndrome alcoólica fetal, distúrbio que pode surgir em 50% das gestantes que ingeriram álcool. O diagnóstico é baseado nos seguintes critérios: redução do tamanho do feto (abaixo de 10% do esperado), alterações faciais típicas e distúrbios neurológicos.
Estes problemas, que fazem parte da realidade de muitas pessoas, podem ser sintomas de alcoolismo. O alcoolismo é classificado como uma doença crônica que pode resultar em sérios comprometimentos psicológicos, cerebrais, fisiológicos e também levar à morte.
E para quem é vítima da doença ou convive com ela, o auxílio de grupos de auto-ajuda, comunidades, podem até ser bem-vindos.  Entretanto, para garantir a abstinência, efetivamente, é necessário mais que isso; é necessário um tratamento especializado, com profissionais capacitados, sobretudo da área da saúde, que conhecem e estudam a doença em todas as suas variáveis, utilizando-se das técnicas e metodologias mais eficazes de que se tem conhecimento.
Para garantir resultado, a doença é tratada a partir das causas biológicas, psíquicas e sociais que levaram a pessoa a desenvolvê-la. Nossos tratamentos também consideram as características singulares deste paciente, cuidando de sua saúde biológica e emocional, do seu condicionamento físico, de sua saúde psíquica. Além de estrutura adequada, a dedicação e o comprometimento da nossa equipe são fatores fundamentais nos resultados do tratamento.
O paciente é acolhido por profissionais que cuidam do ser humano como um todo. O tratamento reúne etapas importantes, como: desintoxicação; psicoterapia; ressocialização, na qual o paciente é preparado para o retorno ao lar; e atendimento individual pós-internação.

Terapia Cognitivo-Comportamental, que parte do princípio de que o comportamento é moldado de acordo com o meio social, com base na personalidade da pessoa, a partir de sua percepção de si e do mundo. Em relação ao dependente de álcool, estas relações estão abaladas. A TCC apresenta técnicas para reorganizar este funcionamento, favorecendo novos comportamentos que proporcionem prazer e bem-estar sem o uso de drogas.

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