Vitiligo
Que doença é essa?
O vitiligo é uma doença caracterizada
por um distúrbio da pigmentação com aparecimento de manchas claras na pele, e
que pode se apresentar de duas formas: pela diminuição de melanina
(hipocrômicas) e pela ausência de melanina (acrômicas). Para entendermos melhor
esta doença, é importante explicar o que é melanina. De acordo com o
dermatologista do Einstein, Dr. Simão Cohen, a melanina é o pigmento que dá cor
à pele, e é produzida por células localizadas na epiderme, conhecidas por
melanócitos. O comprometimento funcional ou estrutural destas células é o que
determinam as lesões despigmentadas do vitiligo.
O que pode causar a doença
“O vitiligo constitui um achado dermatológico relativamente comum,
afetando cerca de 1% a 2% da população mundial. Com causa ainda desconhecida, a
doença não tem caráter infectocontagioso e muito menos predileção por raça,
idade e sexo”, afirma o médico. Ainda de acordo com o dermatologista, alguns
trabalhos nesta área relatam que entre 30% e 40% dos pacientes com vitiligo
possuem história familiar e fator genético propício à doença. “Várias outras
teorias também têm sido consideradas como causa, desencadeante ou agravante da
doença, mas nada ainda foi comprovado efetivamente”.
Frequentemente, podem também ocorrer fatores psicológicos e de estresse
como agentes desencadeadores em pacientes com predisposição à doença.
Como podemos reconhecer o vitiligo
Clinicamente o quadro é caracterizado por manchas despigmentadas bem
evidentes, de forma, tamanho e extensão variáveis de caso para caso. Áreas com
pelos, eventualmente, podem ser comprometidas com aparecimento de cabelos
brancos.
“As lesões podem aparecer em qualquer região da pele. As atingidas mais
comuns são a face, o dorso das mãos, os joelhos e os tornozelos. A distribuição
das lesões é geralmente simétrica, chamado de tipo generalizado, e,
eventualmente, estas seguem um corte (ou dermátomo) na pele, conhecido por tipo
segmentar”, explica o médico.
Segundo o dermatologista, a doença, muitas vezes, evolui rapidamente, e
pode ficar estável por muitos anos. “Raramente, grandes áreas do corpo podem
ser atingidas, caracterizando uma forma universal (inversão total da
pigmentação normal da pele). Uma característica da doença é que ferimentos na
pele podem dar origem a novas lesões”, explica o Dr. Cohen.
A região genital, tanto no homem quanto na mulher, poderá também ser
atingida, mas nunca com caráter contagiante.
Diagnóstico
O diagnóstico do vitiligo é feito, principalmente, baseado nos aspectos
clínicos do paciente e também a partir da histopatologia (análise microscópica
dos tecidos), que vai afirmar se ocorreu perda progressiva de melanócitos na
epiderme.
“Alguns estudos relacionam o vitiligo a várias doenças consideradas
autoimunes, como doenças da tireoide, anemia perniciosa, diabetes mellitus,
doença de Addison (doença endocrinológica rara, que se caracteriza pela
produção insuficiente dos hormônios da glândula suprarrenal ou adrenal),
hipoparatireoidismo (doença hormonal, causada pela falta do hormônio da
paratireoide), entre outras”, afirma o Dr. Cohen.
Sintomas e tratamento
Não há sintomas objetivos (coceira ou alteração de sensibilidade) que
acompanham a evolução da doença.
Apesar de não causar nenhum prejuízo à saúde física, as alterações
estéticas muitas vezes causam problemas psicológicos que podem prejudicar o
convívio social. O grau de comprometimento emocional pode acabar afetando de
forma negativa a evolução da doença. Por isso, muitas vezes, se faz necessário
também o acompanhamento psicológico dos pacientes em tratamento, com o objetivo
de conseguir um bom resultado.
“O tratamento requer tempo e perseverança por parte do médico e do
paciente, com respostas variáveis de caso para caso. Os recursos terapêuticos
disponíveis podem promover a repigmentação, o controle e a estabilização das
lesões”, explica o dermatologista.
Atualmente, vários tratamentos podem ser utilizados, indicados de acordo
com o quadro clínico de cada paciente. Pode ser feito tanto o tratamento
clínico, à base de corticoides e outros medicamentos de uso tópico (aplicado na
pele), fototerapias e laser, quanto o tratamento cirúrgico, utilizando enxertos
epidérmicos e transplantes de células epidérmicas, para casos mais graves.
“A camuflagem (maquiagem artificial), em casos resistentes, pode
amenizar o visual de pacientes, principalmente aqueles com lesões em áreas
visíveis, como face, pescoço e mãos”, esclarece o Dr. Cohen.
A despigmentação, em casos extensos e com persistência de algumas áreas
residuais, também é mais um recurso químico que pode ser utilizado para o
tratamento do paciente. Segundo o dermatologista, quanto mais precoce o início
do tratamento, melhor será a resposta terapêutica e a prevenção de evolução
para quadros mais extensos e mais resistentes ao tratamento.
Cuidados e prevenção
As áreas afetadas com lesões despigmentadas perdem a proteção natural
(melanina) aos raios solares e, portanto, ficam totalmente desprotegidas,
sujeitas a queimaduras solares intensas e prejudiciais. “Assim, o principal
cuidado deve estar relacionado à fotoproteção rigorosa e adequada, com uso
diário de filtros e bloqueadores solares”, recomenda o médico.
Novos medicamentos
Entre os mais recentes tratamentos está o kellin, substância de uso
tópico feita com base no extrato de uma planta chamada Ammi visnaga. Ele é
aplicado na pele e a pessoa deve se expor ao sol ou à radiação ultravioleta do
tipo A (UVA). O produto, porém, ainda não é vendido no Brasil e não há consenso
em relação à eficácia. “Há poucos trabalhos científicos a respeito que dizem
que o tratamento é eficaz”, afirma Dr. Beni.
Em outra frente, o uso de imunomoduladores – tacrolimus e pimecrolimus –
vem ganhando espaço. Como o próprio nome já diz, esses medicamentos controlam
as células do sistema autoimune.
Outra opção é a utilização de uma nova forma de fototerapia com radiação
ultravioleta do tipo B (UVB), a chamada narrow band, ou banda estreita. O
paciente entra em uma cabine e os raios UVB induzem a proliferação de
melanócitos. “A vantagem com relação aos raios UVA é a redução de efeitos
colaterais”, explica o Dr. Beni.
Há quase cinco anos, os dermatologistas passaram a usar também o excimer
Laser, uma energia luminosa que funciona no mesmo comprimento de onda dos raios
UVB e estimula a produção de melanina da pele. “Tem sido utilizado como auxílio
principalmente nos casos que não respondem aos tratamentos convencionais. Mas
são necessárias muitas aplicações, feitas semanalmente, e a pele só começa a
responder depois de 10 a 15 aplicações”, explica Dr. Simão.
Além das novas opções que vêm sendo adotadas pelos especialistas no
combate ao vitiligo, a busca por remédios cada vez mais eficazes movimenta a
produção científica. Centenas de estudos em vários países do mundo estão em
andamento. O mais recente parece ser a utilização do bimatoprosta, hoje
encontrado em um colírio utilizado para tratar glaucoma. Segundo os estudos
preliminares, a substância parece ser eficaz na repigmentação da pele, mas os
médicos ressaltam que ainda são necessários mais estudos científicos para poder
considerá-lo como opção de tratamento.
Famosos com a doença
Sua autópsia confirmou que o cantor sofria de vitiligo, apresentando
manchas brancas no peito, abdome, rostos e braços. Apesar de ser da raça negra,
fez diversos tratamentos na pele que o deixaram com aparência caucasiana.
Rappin’ Hood
Tem manchas aparentes ao redor dos olhos, mãos e cotovelos. Hoje, o
rapper defende a popularização do tratamento da doença.
O apresentador de TV americano escondeu a doença de amigos e parentes
por mais de quinze anos utilizando maquiagem. Após ser descoberto, escreveu o
livro Turning White: a Memoir of Change (Ficando Branco: Uma Memória de
Mudança, em tradução literal)
Luiza Brunet
Um dos principais símbolos de beleza feminina do Brasil possui a doença
desde os dois anos, mas a mantém sob controle, não a deixando aparente na pele.
A modelo inclusive já declarou ter feito tatuagens para esconder algumas
manchas.
Os tratamentos clássicos
Existem, ainda, opções de tratamento mais consolidados. A aplicação de
corticoides ainda é a primeira opção na maioria dos casos.
A utilização de psoralenos é uma alternativa. Essas substâncias podem
ser apresentadas em creme para aplicação na pele ou ingeridas via oral,
auxiliando na promoção da pigmentação, deixando a pele mais sensível à ação dos
raios ultravioleta. Podem ser combinados com a fototerapia, quando recebem o
nome de PUVA (psoralenos + UVA) e, em geral, são utilizados para lesões
extensas.
Também há opções cirúrgicas. Pequenos pedaços de pele com pigmentação
normal são enxertados nas áreas afetadas pelo vitiligo. Essa pele, que contém
melanócitos, acaba se espalhando e repigmentando outras áreas. Processo
semelhante é o de curetagem. O médico faz uma raspagem na área sadia, esse
material é preparado como uma solução e aplicado em uma região doente, conforme
explica o Dr. Simão Cohen. A pele vai absorver as células que pigmentam a pele
(os melanócitos) e voltar a funcionar normalmente. Esse tratamento costuma ser
utilizado somente em pacientes resistentes às demais opções e em quadros
localizados e estáveis.
Apenas em último caso, indicado somente quando a pessoa tem mais de 75%
da pele coberta por manchas, é possível fazer a despigmentação da pele sadia, a
fim de igualá-la ao restante do corpo. São utilizados produtos em concentrações
específicas que são tóxicos aos melanócitos.
A resposta terapêutica é variada de pessoa para pessoa. É
individualizada. O tratamento que serve para um, pode não levar a resposta
nenhuma em outro. Apesar de ser uma doença benigna, as manchas características
e muitas vezes visíveis podem trazer problemas sociais. O estigma da doença e a
desinformação levam ao isolamento ou ao estresse. Além disso, o estado
emocional pode contribuir para a evolução no aparecimento das manchas. Por
isso, paralelamente ao acompanhamento clínico da condição, os médicos
recomendam também um acompanhamento psicológico para os pacientes acometidos
por essa disfunção.
www.einstein.br/einstein-saude/.../entenda-como-tratar-o-vitiligo.aspx
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