domingo, 8 de dezembro de 2013

Vitiligo 

Que doença é essa?
O vitiligo é uma doença caracterizada por um distúrbio da pigmentação com aparecimento de manchas claras na pele, e que pode se apresentar de duas formas: pela diminuição de melanina (hipocrômicas) e pela ausência de melanina (acrômicas). Para entendermos melhor esta doença, é importante explicar o que é melanina. De acordo com o dermatologista do Einstein, Dr. Simão Cohen, a melanina é o pigmento que dá cor à pele, e é produzida por células localizadas na epiderme, conhecidas por melanócitos. O comprometimento funcional ou estrutural destas células é o que determinam as lesões despigmentadas do vitiligo.
O que pode causar a doença
“O vitiligo constitui um achado dermatológico relativamente comum, afetando cerca de 1% a 2% da população mundial. Com causa ainda desconhecida, a doença não tem caráter infectocontagioso e muito menos predileção por raça, idade e sexo”, afirma o médico. Ainda de acordo com o dermatologista, alguns trabalhos nesta área relatam que entre 30% e 40% dos pacientes com vitiligo possuem história familiar e fator genético propício à doença. “Várias outras teorias também têm sido consideradas como causa, desencadeante ou agravante da doença, mas nada ainda foi comprovado efetivamente”.
Frequentemente, podem também ocorrer fatores psicológicos e de estresse como agentes desencadeadores em pacientes com predisposição à doença.
Como podemos reconhecer o vitiligo
Clinicamente o quadro é caracterizado por manchas despigmentadas bem evidentes, de forma, tamanho e extensão variáveis de caso para caso. Áreas com pelos, eventualmente, podem ser comprometidas com aparecimento de cabelos brancos.
“As lesões podem aparecer em qualquer região da pele. As atingidas mais comuns são a face, o dorso das mãos, os joelhos e os tornozelos. A distribuição das lesões é geralmente simétrica, chamado de tipo generalizado, e, eventualmente, estas seguem um corte (ou dermátomo) na pele, conhecido por tipo segmentar”, explica o médico.
Segundo o dermatologista, a doença, muitas vezes, evolui rapidamente, e pode ficar estável por muitos anos. “Raramente, grandes áreas do corpo podem ser atingidas, caracterizando uma forma universal (inversão total da pigmentação normal da pele). Uma característica da doença é que ferimentos na pele podem dar origem a novas lesões”, explica o Dr. Cohen.
A região genital, tanto no homem quanto na mulher, poderá também ser atingida, mas nunca com caráter contagiante.
Diagnóstico
O diagnóstico do vitiligo é feito, principalmente, baseado nos aspectos clínicos do paciente e também a partir da histopatologia (análise microscópica dos tecidos), que vai afirmar se ocorreu perda progressiva de melanócitos na epiderme.
“Alguns estudos relacionam o vitiligo a várias doenças consideradas autoimunes, como doenças da tireoide, anemia perniciosa, diabetes mellitus, doença de Addison (doença endocrinológica rara, que se caracteriza pela produção insuficiente dos hormônios da glândula suprarrenal ou adrenal), hipoparatireoidismo (doença hormonal, causada pela falta do hormônio da paratireoide), entre outras”, afirma o Dr. Cohen.
Sintomas e tratamento
Não há sintomas objetivos (coceira ou alteração de sensibilidade) que acompanham a evolução da doença.
Apesar de não causar nenhum prejuízo à saúde física, as alterações estéticas muitas vezes causam problemas psicológicos que podem prejudicar o convívio social. O grau de comprometimento emocional pode acabar afetando de forma negativa a evolução da doença. Por isso, muitas vezes, se faz necessário também o acompanhamento psicológico dos pacientes em tratamento, com o objetivo de conseguir um bom resultado.
“O tratamento requer tempo e perseverança por parte do médico e do paciente, com respostas variáveis de caso para caso. Os recursos terapêuticos disponíveis podem promover a repigmentação, o controle e a estabilização das lesões”, explica o dermatologista.
Atualmente, vários tratamentos podem ser utilizados, indicados de acordo com o quadro clínico de cada paciente. Pode ser feito tanto o tratamento clínico, à base de corticoides e outros medicamentos de uso tópico (aplicado na pele), fototerapias e laser, quanto o tratamento cirúrgico, utilizando enxertos epidérmicos e transplantes de células epidérmicas, para casos mais graves.
“A camuflagem (maquiagem artificial), em casos resistentes, pode amenizar o visual de pacientes, principalmente aqueles com lesões em áreas visíveis, como face, pescoço e mãos”, esclarece o Dr. Cohen.
A despigmentação, em casos extensos e com persistência de algumas áreas residuais, também é mais um recurso químico que pode ser utilizado para o tratamento do paciente. Segundo o dermatologista, quanto mais precoce o início do tratamento, melhor será a resposta terapêutica e a prevenção de evolução para quadros mais extensos e mais resistentes ao tratamento.
Cuidados e prevenção
As áreas afetadas com lesões despigmentadas perdem a proteção natural (melanina) aos raios solares e, portanto, ficam totalmente desprotegidas, sujeitas a queimaduras solares intensas e prejudiciais. “Assim, o principal cuidado deve estar relacionado à fotoproteção rigorosa e adequada, com uso diário de filtros e bloqueadores solares”, recomenda o médico.
Novos medicamentos
Entre os mais recentes tratamentos está o kellin, substância de uso tópico feita com base no extrato de uma planta chamada Ammi visnaga. Ele é aplicado na pele e a pessoa deve se expor ao sol ou à radiação ultravioleta do tipo A (UVA). O produto, porém, ainda não é vendido no Brasil e não há consenso em relação à eficácia. “Há poucos trabalhos científicos a respeito que dizem que o tratamento é eficaz”, afirma Dr. Beni.
Em outra frente, o uso de imunomoduladores – tacrolimus e pimecrolimus – vem ganhando espaço. Como o próprio nome já diz, esses medicamentos controlam as células do sistema autoimune.
Outra opção é a utilização de uma nova forma de fototerapia com radiação ultravioleta do tipo B (UVB), a chamada narrow band, ou banda estreita. O paciente entra em uma cabine e os raios UVB induzem a proliferação de melanócitos. “A vantagem com relação aos raios UVA é a redução de efeitos colaterais”, explica o Dr. Beni.
Há quase cinco anos, os dermatologistas passaram a usar também o excimer Laser, uma energia luminosa que funciona no mesmo comprimento de onda dos raios UVB e estimula a produção de melanina da pele. “Tem sido utilizado como auxílio principalmente nos casos que não respondem aos tratamentos convencionais. Mas são necessárias muitas aplicações, feitas semanalmente, e a pele só começa a responder depois de 10 a 15 aplicações”, explica Dr. Simão.
Além das novas opções que vêm sendo adotadas pelos especialistas no combate ao vitiligo, a busca por remédios cada vez mais eficazes movimenta a produção científica. Centenas de estudos em vários países do mundo estão em andamento. O mais recente parece ser a utilização do bimatoprosta, hoje encontrado em um colírio utilizado para tratar glaucoma. Segundo os estudos preliminares, a substância parece ser eficaz na repigmentação da pele, mas os médicos ressaltam que ainda são necessários mais estudos científicos para poder considerá-lo como opção de tratamento.
Famosos com a doença

 Michael Jackson
Sua autópsia confirmou que o cantor sofria de vitiligo, apresentando manchas brancas no peito, abdome, rostos e braços. Apesar de ser da raça negra, fez diversos tratamentos na pele que o deixaram com aparência caucasiana.

Rappin’ Hood
Tem manchas aparentes ao redor dos olhos, mãos e cotovelos. Hoje, o rapper defende a popularização do tratamento da doença.


 Lee Thomas
O apresentador de TV americano escondeu a doença de amigos e parentes por mais de quinze anos utilizando maquiagem. Após ser descoberto, escreveu o livro Turning White: a Memoir of Change (Ficando Branco: Uma Memória de Mudança, em tradução literal)

Luiza Brunet
Um dos principais símbolos de beleza feminina do Brasil possui a doença desde os dois anos, mas a mantém sob controle, não a deixando aparente na pele. A modelo inclusive já declarou ter feito tatuagens para esconder algumas manchas.


Os tratamentos clássicos
Existem, ainda, opções de tratamento mais consolidados. A aplicação de corticoides ainda é a primeira opção na maioria dos casos.
A utilização de psoralenos é uma alternativa. Essas substâncias podem ser apresentadas em creme para aplicação na pele ou ingeridas via oral, auxiliando na promoção da pigmentação, deixando a pele mais sensível à ação dos raios ultravioleta. Podem ser combinados com a fototerapia, quando recebem o nome de PUVA (psoralenos + UVA) e, em geral, são utilizados para lesões extensas.
Também há opções cirúrgicas. Pequenos pedaços de pele com pigmentação normal são enxertados nas áreas afetadas pelo vitiligo. Essa pele, que contém melanócitos, acaba se espalhando e repigmentando outras áreas. Processo semelhante é o de curetagem. O médico faz uma raspagem na área sadia, esse material é preparado como uma solução e aplicado em uma região doente, conforme explica o Dr. Simão Cohen. A pele vai absorver as células que pigmentam a pele (os melanócitos) e voltar a funcionar normalmente. Esse tratamento costuma ser utilizado somente em pacientes resistentes às demais opções e em quadros localizados e estáveis.
Apenas em último caso, indicado somente quando a pessoa tem mais de 75% da pele coberta por manchas, é possível fazer a despigmentação da pele sadia, a fim de igualá-la ao restante do corpo. São utilizados produtos em concentrações específicas que são tóxicos aos melanócitos.
A resposta terapêutica é variada de pessoa para pessoa. É individualizada. O tratamento que serve para um, pode não levar a resposta nenhuma em outro. Apesar de ser uma doença benigna, as manchas características e muitas vezes visíveis podem trazer problemas sociais. O estigma da doença e a desinformação levam ao isolamento ou ao estresse. Além disso, o estado emocional pode contribuir para a evolução no aparecimento das manchas. Por isso, paralelamente ao acompanhamento clínico da condição, os médicos recomendam também um acompanhamento psicológico para os pacientes acometidos por essa disfunção.

www.einstein.br/einstein-saude/.../entenda-como-tratar-o-vitiligo.aspx

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