sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

CONSCIÊNCIA: O PODER SUPREMO

A sensação de poder, de controle, de capacidade, de equilíbrio emocional, de autoconfiança e autodisciplina são tudo experiências que pretendemos alcançar. Na base de todas estas experiências enriquecedoras que nos engrandecem, está a consciência. De forma simples, a consciência pode definir-se como o processamento da informação acerca das coisas que vivenciamos durante uma determinada experiência. Todas as vezes que percebemos que poderíamos ter pensado ou agido de outra forma, vale a pena lembrar que não somos o que fazemos o que dizemos o que pensamos, ou mesmo o que sentimos. Enquanto todas estas coisas podem definir a nossa experiência de vida, elas não definem quem somos. Para conseguirmos utilizar o poder supremo na sua plenitude, importa treinar a mente. Importa ficar ciente e testemunhar por nós mesmos, que somos muito mais que as nossas experiências. Conseguir testemunhar isso é encontrar paz de espírito.

AGIR DELIBERADAMENTE
De acordo com o que você leu anteriormente, pode ter experimentado uma das muitas reações diferentes. A primeira é de alívio, “Ahh graças a Deus por isso, eu sabia que deveria haver mais qualquer coisa. ” A segunda é de medo, “Ohh bem, se eu não sou nenhuma dessas coisas, então o que, ou quem, diabos sou eu?” O terceiro é uma das maravilhas, “Uau, isso pode realmente ser verdade? ” e a quarta é de ceticismo,” Esse cara não tem ideia do que está falando.” Para o assunto em questão, não me vou perder em argumentos filosóficos acerca daquilo que seremos enquanto pessoas. Não é disso que se trata. O que importa realçar nesta constatação de que nós somos muito mais do que aquilo que pensamos, sentimos ou agimos, é que possuímos uma consciência que nos permite encontrar algum espaço na mente, para que possamos agir deliberadamente sobre o que pensamos, sentimos e fazemos.
Trata-se de reconhecer que só porque um pensamento aparece na mente, não somos esse pensamento, e só porque podemos sentirmo-nos de certa maneira num determinado momento, não temos necessariamente de ser esse sentimento. É a diferença entre estar no meio de uma tempestade ou estar a assistir a uma tempestade num lugar seguro. É a diferença entre estar a ser fustigado pela tempestade, varrido pelo vento e à mercê da chuva, ou estar sentado no interior da sua casa, aconchegante e acolhedora, perto do fogo, vendo a tempestade passar. O quanto este exemplo anterior pode servir-lhe na prática? Bem, pense quantas vezes você já experimentou um determinado pensamento, mas não o levou a sério. Talvez tenha sido quando você estava dirigindo, ficou enfurecido ao ponto de pensar em agredir fisicamente o outro condutor. Mas você percebeu o quão louco o pensamento era, o quanto você valoriza a vida humana, para não falar da sua própria vida, e decide deixá-lo ir. Talvez, enquanto pai, não tendo dormido por dias, tendo surgido o pensamento de colocar o bebé dentro de uma tenda à prova de som, escondido em algum lugar agradável e seguro, de preferência longe dos seus ouvido. Mas você percebe o quão ridículo é o pensamento e, mais uma vez, você deixa-o ir. Ou, talvez você já teve  o pensamento de empurrar pela janela fora o seu chefe depois dele o ter humilhado na frente de todos os seus colegas. Mas você terá pensado sobre isso um pouco mais e percebeu que o pensamento não valia a pena ser levado a sério.

RECONHECER A ILUSÃO DO APEGO AO PENSAMENTO
Assim que você consiga treinar a sua mente para distinguir a ilusão. Assim que consiga aplicar o filtro da ilusão, fica com a capacidade de reconhecer que um pensamento é apenas um pensamento, que sem sempre tem de ser levado a sério, que não tem de fundir-se ou colar-se a ele. Aprofundei este assunto no artigo, Consciência emocional: Validar emoções e pensamentos para seu benefício. Só porque alguma coisa vem à mente, não a torna real, algo que temos de agir sobre ou acreditar. Não é aquilo que nós somos. Só porque alguma coisa vem à mente não significa que isso é o reflexo do tipo de pessoa que somos, ou que nos faz boa ou má pessoa.
Existem muitos estímulos externos que nos fazem disparar pensamentos de todo o tipo. Imagine a pressão que seria julgar cada pensamento que surge na mente, de sentir um certo senso de responsabilidade ou identidade sobre cada pensamento e sentimento que surge em nós. Claro, temos a responsabilidade de fazer passar alguns desses pensamentos pelo filtro da consciência, para que possamos saber se escolhemos envolver-nos com eles e levá-los ao nível da fala ou ação, mas um pensamento é apenas um pensamento. Em última análise é você quem decide a importância que os seus pensamentos têm ou o que fazer com eles. Falei neste assunto no artigo, Deixe de reagir: Escolha a sua resposta em consciência afirmando quem você quer ser.

A GRANDEZA DA CONSCIÊNCIA
Quando levamos muito a sério alguns dos pensamentos que nos surgem na mente, a vida pode tornar-se pesada. Quando nos identificamos com as nossas emoções de forma taxativa, começamos a perder-se nelas. Quando assumimos que as nossas palavras nos definem, começamos a pensar demais. E quando somos incapazes de encontrar qualquer senso de perdão nas coisas que fazemos de errado na vida, então começamos a sentir uma enorme angústia. A mente é maior do que isso. A vida é maior do que isso. Há algo além do pensamento, além do sentimento, além da fala e além da ação. É um lugar de consciência. Podemos chamá-lo por qualquer nome que quisermos. Poderíamos associá-lo a uma forma particular de pensar, uma filosofia, uma fé, ou não ter nenhum nome para isso. Realmente não importa. De qualquer forma, isso não muda a qualidade da consciência, este lugar de perspectiva, a partir do qual podemos ver um pensamento pelo que é e, se não nos servir, deixá-lo ir com facilidade.

Nós somos aquele que é, e quando não estamos a sê-lo, por ação da consciência conseguimos perceber que o resultado daquilo que estamos momentaneamente a pensar, sentir e agir não nos define. Nesse exato momento, em consciência, pudemos passar a pensar, sentir e agir de acordo com a ideia que temos acerca daquilo que somos. Este é o poder supremo em ação. Este é o poder da consciência a expressar-se. Saber ser aquilo que sou quando não estou a conseguir ser,

É preciso respirar fundo, agarrar-me a esse ínfimo instante que existe entre o estímulo e a resposta, ser capaz de aceder à minha consciência, às coisas que valorizo, à sabedoria do velho da esquina, da criança que me agarra a mão, da senhora da mercearia que me recebe com um sorriso, dos sonhos de criança, É preciso ficar ciente que tenho a capacidade de decidir, de decidir ser assertivo, de me orientar pelos meus valores, pela minha simpatia, pela minha capacidade de afirmação, de dizer não, de seguir o que me faz bem, de me manter firme na hora da facilidade e tentação, de me afastar da negatividade, da minha e da dos outros,  De me incentivar quando estou em baixo,
de travar a minha língua quando ela quer falar baboseiras, de ser empático na dor dos outros, e de ser tenaz na minha própria dor, É preciso manter a calma no turbilhão das emoções tumultuosas, É preciso ser decidido quando o tempo urge, ser descontraído quando a tensão aumenta, Saber ser aquilo que sou quando tenho a noção que não estou a ser é uma tarefa para a vida, Que a vida se estenda e a tarefa permaneça.

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