CONSCIÊNCIA: O PODER
SUPREMO
A sensação de poder, de controle, de capacidade, de
equilíbrio emocional, de autoconfiança e autodisciplina são tudo experiências
que pretendemos alcançar. Na base de todas estas experiências enriquecedoras
que nos engrandecem, está a consciência. De forma simples, a consciência pode
definir-se como o processamento da informação acerca das coisas que vivenciamos
durante uma determinada experiência. Todas as vezes que percebemos que
poderíamos ter pensado ou agido de outra forma, vale a pena lembrar que não
somos o que fazemos o que dizemos o que pensamos, ou mesmo o que sentimos.
Enquanto todas estas coisas podem definir a nossa experiência de vida, elas não
definem quem somos. Para conseguirmos utilizar o poder supremo na sua
plenitude, importa treinar a mente. Importa ficar ciente e testemunhar por nós
mesmos, que somos muito mais que as nossas experiências. Conseguir testemunhar
isso é encontrar paz de espírito.
AGIR
DELIBERADAMENTE
De acordo
com o que você leu anteriormente, pode ter experimentado uma das muitas reações
diferentes. A primeira é de alívio, “Ahh graças a Deus por isso, eu sabia que
deveria haver mais qualquer coisa. ” A segunda é de medo, “Ohh bem, se eu não
sou nenhuma dessas coisas, então o que, ou quem, diabos sou eu?” O terceiro é
uma das maravilhas, “Uau, isso pode realmente ser verdade? ” e a quarta é de
ceticismo,” Esse cara não tem ideia do que está falando.” Para o assunto em
questão, não me vou perder em argumentos filosóficos acerca daquilo que seremos
enquanto pessoas. Não é disso que se trata. O que importa realçar nesta
constatação de que nós somos muito mais do que aquilo que pensamos, sentimos ou
agimos, é que possuímos uma consciência que nos permite encontrar algum espaço
na mente, para que possamos agir deliberadamente sobre o que pensamos, sentimos
e fazemos.
Trata-se
de reconhecer que só porque um pensamento aparece na mente, não somos esse
pensamento, e só porque podemos sentirmo-nos de certa maneira num determinado
momento, não temos necessariamente de ser esse sentimento. É a diferença entre
estar no meio de uma tempestade ou estar a assistir a uma tempestade num lugar
seguro. É a diferença entre estar a ser fustigado pela tempestade, varrido pelo
vento e à mercê da chuva, ou estar sentado no interior da sua casa,
aconchegante e acolhedora, perto do fogo, vendo a tempestade passar. O quanto
este exemplo anterior pode servir-lhe na prática? Bem, pense quantas vezes você
já experimentou um determinado pensamento, mas não o levou a sério. Talvez
tenha sido quando você estava dirigindo, ficou enfurecido ao ponto de pensar em
agredir fisicamente o outro condutor. Mas você percebeu o quão louco o
pensamento era, o quanto você valoriza a vida humana, para não falar da sua
própria vida, e decide deixá-lo ir. Talvez, enquanto pai, não tendo dormido por
dias, tendo surgido o pensamento de colocar o bebé dentro de uma tenda à prova
de som, escondido em algum lugar agradável e seguro, de preferência longe dos seus
ouvido. Mas você percebe o quão ridículo é o pensamento e, mais uma vez, você
deixa-o ir. Ou, talvez você já teve o pensamento de empurrar pela janela
fora o seu chefe depois dele o ter humilhado na frente de todos os seus
colegas. Mas você terá pensado sobre isso um pouco mais e percebeu que o
pensamento não valia a pena ser levado a sério.
RECONHECER
A ILUSÃO DO APEGO AO PENSAMENTO
Assim que você consiga treinar a sua mente para
distinguir a ilusão. Assim que consiga aplicar o filtro da ilusão, fica com a
capacidade de reconhecer que um pensamento é apenas um pensamento, que sem
sempre tem de ser levado a sério, que não tem de fundir-se ou colar-se a ele.
Aprofundei este assunto no artigo, Consciência
emocional: Validar emoções e pensamentos para seu benefício. Só porque alguma coisa vem à
mente, não a torna real, algo que temos de agir sobre ou acreditar. Não é
aquilo que nós somos. Só porque alguma coisa vem à mente não significa que isso
é o reflexo do tipo de pessoa que somos, ou que nos faz boa ou má pessoa.
Existem muitos estímulos externos que nos fazem
disparar pensamentos de todo o tipo. Imagine a pressão que seria julgar cada
pensamento que surge na mente, de sentir um certo senso de responsabilidade ou
identidade sobre cada pensamento e sentimento que surge em nós. Claro, temos a
responsabilidade de fazer passar alguns desses pensamentos pelo filtro da consciência, para que possamos saber se escolhemos envolver-nos
com eles e levá-los ao nível da fala ou ação, mas um pensamento é apenas um
pensamento. Em última análise é você quem decide a importância que os seus
pensamentos têm ou o que fazer com eles. Falei neste assunto no artigo, Deixe de reagir:
Escolha a sua resposta em consciência afirmando quem você quer ser.
A
GRANDEZA DA CONSCIÊNCIA
Quando
levamos muito a sério alguns dos pensamentos que nos surgem na mente, a vida
pode tornar-se pesada. Quando nos identificamos com as nossas emoções de forma
taxativa, começamos a perder-se nelas. Quando assumimos que as nossas palavras
nos definem, começamos a pensar demais. E quando somos incapazes de encontrar
qualquer senso de perdão nas coisas que fazemos de errado na vida, então
começamos a sentir uma enorme angústia. A mente é maior do que isso. A vida é
maior do que isso. Há algo além do pensamento, além do sentimento, além da fala
e além da ação. É um lugar de consciência. Podemos chamá-lo por qualquer nome
que quisermos. Poderíamos associá-lo a uma forma particular de pensar, uma
filosofia, uma fé, ou não ter nenhum nome para isso. Realmente não importa. De
qualquer forma, isso não muda a qualidade da consciência, este lugar de
perspectiva, a partir do qual podemos ver um pensamento pelo que é e, se não
nos servir, deixá-lo ir com facilidade.
Nós somos
aquele que é, e quando não estamos a sê-lo, por ação da consciência conseguimos
perceber que o resultado daquilo que estamos momentaneamente a pensar, sentir e
agir não nos define. Nesse exato momento, em consciência, pudemos passar a
pensar, sentir e agir de acordo com a ideia que temos acerca daquilo que somos.
Este é o poder supremo em ação. Este é o poder da consciência a expressar-se. Saber ser
aquilo que sou quando não estou a conseguir ser,
É preciso
respirar fundo, agarrar-me a esse ínfimo instante que existe entre o estímulo e
a resposta, ser capaz de aceder à minha consciência, às coisas que valorizo, à
sabedoria do velho da esquina, da criança que me agarra a mão, da senhora
da mercearia que me recebe com um sorriso, dos sonhos de criança, É preciso
ficar ciente que tenho a capacidade de decidir, de decidir ser assertivo, de me
orientar pelos meus valores, pela minha simpatia, pela minha capacidade de afirmação, de dizer não, de
seguir o que me faz bem, de me manter firme na hora da facilidade e tentação, de
me afastar da negatividade, da minha e da dos outros, De me incentivar quando estou em baixo,
de travar a minha língua quando ela quer falar baboseiras, de ser empático na
dor dos outros, e de ser tenaz na minha própria dor, É preciso manter a calma
no turbilhão das emoções tumultuosas, É preciso ser decidido quando o tempo
urge, ser descontraído quando a tensão aumenta, Saber ser aquilo que sou quando
tenho a noção que não estou a ser é uma tarefa para a vida, Que a vida se
estenda e a tarefa permaneça.
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