segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Mente sã em corpo são

Siga as dicas que lhe apresentamos e viva mais feliz

Mente sã em corpo são
“Mente sã em corpo são”. Quem nunca ouviu falar desta expressão? Mas como manter a mente saudável se a sociedade nos cria maior número de situações de stress, pressão e expectativas?
Uma boa saúde mental depende da maneira como encaramos algumas situações na nossa vida. As situações difíceis que por vezes nos batem à porta têm solução e, por isso, temos de aprender a lidar com elas para conseguirmos avançar.
Uma boa saúde mental liga-se a pensamentos e sentimentos positivos sobre nós próprios, como pessoas e em relação às nossas aptidões. A mente tem uma relação direta ou indireta com o corpo. Assim, à medida que “alimentamos” bem a nossa saúde mental (com emoções positivas, pensamentos adequados, etc.), melhor será a nossa saúde física.
Está provado que problemas de saúde mental determinam frequentemente transtornos físicos. Os problemas podem ser fruto de diversas situações ambientais consideradas graves por determinado indivíduo, suscetíveis de desencadearem transtornos disfuncionais no cérebro e alterarem o bem-estar e o comportamento da pessoa.
Situações como o stress, a depressão, a ansiedade, a raiva, entre outras, podem provocar vários problemas físicos. Dão origem às chamadas doenças psicossomáticas (do termo psique=mente e soma=corpo), ou seja, distúrbios físicos causados por transtornos psicológicos e sociais.
Assim, é essencial que todos nós mantenhamos a nossa saúde mental em bom estado, relativizando algumas situações difíceis. Para isso, deixamos 8 dicas, que vão fazer toda a diferença:
1. Aprenda a dizer não!
Este aspeto é importante para aquelas pessoas que vivem num espasmo constante de obrigação em relação às solicitações que lhes fazem. Cedo descobrem que não têm tempo para tudo, a não ser que andem permanentemente a exigir de si um esforço excessivo e desgastante. A fim de conservar a sua saúde e energia, não pode “dizer que sim” a tudo quanto lhe pedem. Aprender a dizer que “não” é um direito inerente à pessoa e não deve suscitar quaisquer culpabilizações pessoais.

2. Aprenda a delegar
Quando alguém ocupa uma posição de chefia em determinada organização é muito útil que aprenda a delegar. Se a empresa onde trabalha for de grandes dimensões é natural que sobre si recaiam solicitações às quais é impossível dar sempre uma resposta aceitável. Saber delegar significa que o próprio aprende a atribuir a outras pessoas funções que poderiam ser cumpridas por si, mas que igualmente podem ser satisfeitas por terceiros. Esta atitude é útil em qualquer atividade que implique organização.

3. Não leve trabalho para casa
Há pessoas que estão constantemente envolvidas no seu trabalho. Quando chegam a casa levam consigo as suas obrigações profissionais e algumas vezes ocupam os seus tempos de lazer com tarefas inerentes à sua profissão. Este erro não deve ser cometido… a não ser que lhe dê um grande prazer. É necessário que a pessoa, ao chegar a casa, da mesma forma que pendura um casaco pendure igualmente o seu trabalho no “gancho do descanso”. Ao chegar a casa precisa de interagir com a família.

4. Vá de férias
Independentemente das “férias oficiais”, uma vez por ano, é útil que todos os dias, nos feriados e aos fins de semana, a pessoa “aprenda a retirar-se para férias”. Deve estabelecer planos e organizar os seus esforços de maneira tal que, chegada a casa, se possa dedicar a tarefas gratificantes, completamente diferentes das usuais, para que tenha ensejo de repousar e de recuperar energia.

5. Não adie problemas/situações
Chamam-se “procrastinadores” os indivíduos que estão sempre a adiar o que têm necessidade de fazer. Isto faz com que o volume de trabalho aumente e um esforço inicial que seria apenas ligeiro se transforme num enorme esforço. Habitue-se a diferenciar o essencial do acessório, hierarquize as prioridades da sua vida e resolva o que precisa de resolver. Crie objetivos de curto prazo, metas a atingir em função das quais o que tem para fazer começa a ser ultrapassado ou, pelo menos, muito adiantado. Quando a certa altura dá por si comprova que avançou mais depressa do que a princípio imaginava e sente um grande alívio.

6. Pense com lógica
Todas as pessoas “pensam” e por isso admitem que “estão sempre a pensar bem”. Contudo, a perceção é um fenómeno ativo, influenciado com frequência pelas experiências que marcaram o desenvolvimento do indivíduo. Nem sempre a avaliação que o indivíduo faz dos acontecimentos é realizada com lógica. Vários aspetos podem levar um indivíduo a extrair conclusões das ocorrências, sem provas suficientes para o poder fazer. Para pensar com lógica, é importante conhecermos se o mundo de ideias que é erguido tem ponto de apoio que lhe sirva de suporte. Naturalmente que há acontecimentos que nem sempre acabam bem. Se, objetivamente, a pessoa tiver razões para se encontrar desanimada, deve evitar sobregeneralizar (“tudo me corre sempre mal”) e ao mesmo tempo tirar partido da circunstância: “Que posso aprender com o que me aconteceu para na próxima ocasião fazer melhor”?

7. Melhore a sua autoestima
Os indivíduos de autoestima pobre não se supõem capazes de lidar com as circunstâncias, reagem mal a críticas, mostram-se muito perturbados quando são rejeitados, adotam uma atitude passiva perante a vida e sentem-se inferiores quando se comparam aos outros.
A primeira atitude a tomar por estas pessoas é deixarem de ter pena de si. Devem incentivar-se a mudar a perspetiva que concebem das ocorrências e/ou o comportamento que usualmente desenvolvem perante elas. Para além disso, é igualmente benéfico que redefinam os objetivos das suas vidas, estabeleçam planos escalonados para os atingir e compreendam que é devido a si e ao seu esforço que surge o êxito em os alcançar.
8. Crie objetivos na vida
Uma pessoa que vive sem objetivos assemelha-se a um barco que navega sem linha de rumo: circula ao sabor da corrente, sem a certeza de atingir o porto que quer. Criar objetivos não só o auxilia a sentir-se psicologicamente mais realizado como também pode ajudar a antecipar as exigências previsíveis no futuro.

Uma forma de melhorar a autoestima, é levar um indivíduo a criar objetivos realistas que tenha grande probabilidade em alcançar, através do seu esforço e aptidões. Na definição dos objetivos a pessoa deve ser moderada no sentido de não estabelecer demasiados objetivos em tempo demasiado curto.
Colocar objetivos excessivos com escassez de tempo pode constituir uma desculpa que se arranja de antemão para que não sejam cumpridos. A organização do tempo deve ser ditada em função do que sobra após o cumprimento de obrigações inevitáveis. Para além de objetivos a longo prazo uma pessoa pode também habituar-se a organizá-los a curto prazo.

Fortalecer a autoestima

Entre as diversas mudanças que uma pessoa precisa de fazer para melhorar a sua autoestima uma delas é aprender, a respeito de si e dos outros, três aspetos muito importantes:
  • Compreender
Compreender tem por finalidade levar uma pessoa a perceber por que é que atua de determinada maneira em determinada situação. Prepara um indivíduo para mudar as suas atitudes e sentimentos. Compreender-se a si próprio é um princípio de ajuda.

  • Aceitar-se a si e aos outros
Para se aceitar, a pessoa deve aprender a conhecer os factos a seu respeito e a respeito das outras pessoas, de uma forma neutra e desprendida de juízos de valor. Aceitar-se a si próprio significa que o ser humano precisa de aprender a não ter pena de si. Se tiver pena de si acabará por negligenciar outros aspetos positivos que circundam à sua volta.

  • Perdoar o passado
Perdoar é a consequência direta do compreender e do aceitar. Aquele que compreende e aceita está disposto a perdoar o passado e a desenvolver uma atitude de respeito pelo presente e pelo futuro. Perdoar o passado não significa que o indivíduo o aprove, mas que o compreende e o aceita em função dos factos que constituíram naquele tempo o seu ambiente natural. Esta atitude implica maleabilidade e a crença na capacidade de mudança e de desenvolvimento do próprio indivíduo.

Texto: Prof. Adriano Vaz Serra, presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria

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