SUICÍDIO
"O suicídio faz com que os amigos e familiares se sintam seus assassinos".
(Vicent Van Gogh)
O termo suicídio foi utilizado pela primeira vez em
1737 por Desfontaines. O significado tem origem no latim, na junção das
palavras sui (si mesmo) e caederes (ação de
matar). Esta conotação especifica a morte intencional ou auto infligida. Num
aspecto geral, o suicídio é um ato voluntário por qual um indivíduo possui a
intenção e provoca a própria morte. Pode ser realizado através de atos (tiro,
envenenamento ou enforcamento) ou por omissão (recusa em alimentar-se, por
exemplo).
É considerada tentativa de suicídio qualquer ato não fatal de
automutilação ou de auto-envenenamento. A intenção da morte não deve ser
incluída nesta definição, pois nem sempre é manifestada. A gravidade da
tentativa deve relacionar-se com a "potencialidade autodestrutiva" do
método utilizado, com a probabilidade de uma intervenção de terceiros.
O suicídio é a consequência de uma perturbação psíquica. A tensão
nervosa que envolve, e culmina nos conflitos intrapsíquicos de gravidade
acentuada, transtorna a tal ponto que a morte torna-se único refúgio e a
inevitável solução dos problemas. Inconscientemente, o suicida tentou depositar
a culpa de sua morte nos outros indivíduos que compõem seu ambiente social,
principalmente nos familiares. Neste caso o suicídio funciona como um
''castigo''. É como revidar uma agressão do ambiente que o envolve.
Na civilização romana a morte não era significativa, importante era a
forma de morrer: com dignidade e no momento certo. Para os primeiros cristãos,
a morte equivalia à libertação, pois a doutrina pregava que a vida era um
"vale de lágrimas e pecados". Nesse momento a morte surgia como um
atalho ao paraíso.
Nos séculos V e VI, nos Concílios de Orleans, Braga e Toledo, proibiram
as honras fúnebres aos suicidas, e determinaram que mesmo aquele que não
tivesse obtido sucesso em uma tentativa deveria ser excomungado. Assim o
suicídio passou a ser considerado um crime que poderia implicar na condenação à
morte dos que fracassavam. Os familiares dos suicidas eram deserdados e
vilipendiados enfrentando os preconceitos sociais. Apenas na Renascença a
humanidade dos suicidas foi reconhecida, o romantismo desse período forjou em
torno do tema uma determinada áurea de respeitabilidade.
Alguns fatores são comuns aos indivíduos que tentaram ou cometeram
suicídio. Por exemplo, é mais frequente nas idades que delineiam as fronteiras
da vida, como a puberdade e a adolescência, e entre a maturidade e a velhice.
Porém, a faixa etária compreende genericamente dos 15 aos 44 anos.
Um ponto significativo a ser analisado, é que os casos de suicídios
foram extremamente raros nos campos de concentração, o que reforça a evidência
de que as condições exteriores (mesmo as mais brutais) não explicam o fenômeno.
Além disso, o suicídio é mais comum em nações ricas e ocorre com mais frequência
nas classes médias.
Por razões não completamente esclarecidas, as mulheres cometem três
vezes mais tentativas de suicídio que os homens. No entanto os homens são mais
eficazes. Isto porque o sexo feminino recorre aos métodos mais brandos como o
envenenamento. Enquanto os homens usam armas de fogo, tende ao afogamento,
enforcamento ou saltando de grandes altitudes.
As doenças físicas como câncer, epilepsia e AIDS; ou doenças mentais
como alcoolismo, dependência toxica e esquizofrenia, compõem alguns dos motivos
que induzem um indivíduo a atentar à própria vida. Algumas situações sociais
também conduzem ao suicídio. Podemos incluir como exemplo o insucesso no
matrimônio ou não ser casado, não ter filhos, não ser religioso, isolamento
social e o fracasso financeiro.
A depressão também
está aliada aos casos de suicídio. Porém, no auge das crises depressivas o
indivíduo fica menos vulnerável a tais tentativas. Isto porque a depressão é
caracterizada principalmente pela desmotivação, desinteresse e letargia do
raciocínio. Nesse momento, o indivíduo não se dispõe a nenhuma atividade,
inclusive o ato de se matar. Alcançado este estágio, a tendência é a omissão,
que também é considerado uma das formas de suicídio.
Jovens Suicidas
Entre os jovens (faixa etária que compreende dos 15 aos 24 anos) o
suicídio já é a terceira causa de morte, atrás apenas dos acidentes e
homicídios.
Os conflitos mais comuns que desencadeiam os suicídios entre os jovens
são encontrados na educação, criação e conduta familiar dos indivíduos. O
sentimento de culpa imposto pelas chantagens emocionais, agressões, castigos
exagerados, criação e imposição de uma auto-imagem irreal ao indivíduo, o abandono afetivo e a superproteção, são as
principais causas dos suicídios cometidos entre os jovens. A soma desses, e outros
fatores menos relevantes, resultam numa desorganização da personalidade em
desenvolvimento, desequilibra continuamente o sistema nervoso e desencontra o
indivíduo do seu ego. Por consequências superficiais temos o bloqueio
intelectual, a constante desmotivação pelas atividades cotidianas (como os
estudos), a necessidade de uma fuga psíquica e o entorpecimento mental.
Novamente o suicídio é o resultado mais grave dos desequilíbrios.
Indicadores de Risco
Geralmente o suicídio não pode ser previsto, mas existem alguns
indicadores de risco:
·
Tentativa anterior ou fantasias de suicídio.
·
Disponibilidade de meios para o suicídio.
·
Ideias de suicídio abertamente faladas.
·
Preparação de um testamento.
·
Luto pela perda de alguém próximo.
·
História de suicídio na família.
·
Pessimismo ou falta de esperança.
Índices no Brasil e no Mundo
Suicídios no mundo:
·
No mundo suicidam-se diariamente 2000 pessoas.*
·
Nos Estados Unidos são 30.000 suicídios por ano
(quase 100 por dia).
·
No geral, 7% dos suicidas sofrem de dependência
alcoólica.
·
Aproximadamente 90% de quem tenta, avisa antes.
·
Em torno de 70% dos suicídios ocorrem em
decorrência de uma fase depressiva.
·
Quem já fez uma tentativa, têm 30% mais chances de
repetir do que quem nunca tentou.
* Esses valores podem ser bem maiores, pois muitos casos de suicídios
são considerados acidentes.
No Brasil:
·
Entre 1989 e 1998 os suicídios aumentaram 56,9%.
·
O índice brasileiro é de 4,9 suicídios para cada
grupo de 100 mil habitantes.
·
O Rio Grande do Sul possui os índices mais altos:
11 para cada grupo de 100 mil habitantes.
·
Porto Alegre é a capital com maior taxa de
suicídios (11,9/100 mil).
·
Entre 1993 e 1998, o número de jovens que tentaram
o suicídio aumentou 40%.
·
Em 1997 quase 1.500 jovens tentaram se matar no
Brasil.
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