Você trabalha com um
psicopata?
Reconheça os sinais e evite problemas
Psicopatas são pessoas
ambiciosas, egoístas, implacáveis, frias, sem medo, que não sentem empatia
pelos outros e, ao mesmo tempo, charmosas, persuasivas, de grande força mental
e que podem estar neste momento sentado ao seu lado no trabalho. Em geral, essas
características, que costumam comumente despertar rejeição, no ambiente de
trabalho se bem usadas podem tornar a pessoa um profissional bem-sucedido. “Nem
todo psicopata é criminoso, além de essa capacidade de desprezar o sentimento
alheio ser útil no mundo dos negócios”, afirma o coordenador médico do Núcleo
de Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica (Nufor) do Instituto de
Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Martins de Barros.
As competências comportamentais
típicas de um psicopata, diz o médico, só o tornam perigoso se forem atreladas
à violência. Contudo, se o individuo conseguir controlar suas emoções, pode
conviver normalmente em um ambiente corporativo. “E o psicopata é capaz de
dominar os seus instintos e usá-los a seu favor”, comenta Barros. Mas, o médico
sinaliza que esses atributos são úteis somente no curto prazo. “Essas
características são ambíguas, todo mundo sabe que podem ser aproveitadas em
diversos contextos, mas no longo prazo são prejudiciais, pois minam a confiança
e impedem a construção de relacionamentos legítimos”, diz.
O psicopata se comporta mal, se faz
de vítima para o outro se sentir culpado e finge que seus erros não são culpa
dele e sim do colega. Profissionais com características psicóticas
se aproveitam estrategicamente do outro, fazendo as pessoas trabalhar por
eles e não pensam duas vezes em roubar projetos. “Psicopatas não medem as
consequências, com isso vão além e conseguem obter vantagens”, afirma Barros.
Para o professor de mestrado em
psicologia da saúde da Universidade de São Paulo (UMESP) Antônio Serafim, o
ambiente de negócios fomenta a competitividade, o que faz com que as pessoas
acabem com atitude psicótica. “O ambiente de trabalho aflora o que há de mais
forte nas pessoas. Se é insegura, mostrará sua insegurança, se possui tendência
para psicopatia, características como frieza e falta de empatia se
sobressairão”, destaca o psiquiatra.
Conviver com um colaborador
psicopata não é difícil, basta não interferir no caminho traçado por ele. “Se
você não atrapalhar os projetos dele, não há problema”, afirma Serafim. Neste
sentido, a coletividade é um desafio para o psicopata. Atualmente, as empresas
prezam cada vez mais o trabalho coletivo, mas o psicopata só funcionará em uma
tarefa em equipe se tiver destaque. “Se alguém se sobressair e ele não
concordar, com certeza dará o troco”, diz o psiquiatra.
Como identificar o
psicopata
A presidente do International
Stress Management Association (ISMA-BR), Ana Maria Rossi, explica que em uma
entrevista de emprego é muito complicado identificar um psicopata corporativo.
“Ele é muito preparado e sedutor”, afirma. Para ela, é importante que o
candidato, nas entrevistas de emprego, seja avaliado por um psicólogo, pois só
este profissional conseguirá perceber ações e características típicas de um
psicopata. “Se isso não for possível, os colegas de trabalho e os profissionais
de recursos humanos devem ficar atentos, principalmente em situações tensas,
pois é nessa hora que o psicopata deixa transparecer a sua real personalidade”,
afirma.
Mas não há motivo para desconfiar
dos colegas. Encontrar psicopatas em empresas, por sorte, não é algo fácil. “É
bastante prejudicial essa moda de ver psicopata em todos os lugares, estima-se
apenas que 1% da população tenha esse desvio”, esclarece o médico da USP Daniel
Martins de Barros.
Profissões
preferidas pelos psicopatas
Uma pesquisa realizada no final do
ano passado pelo psicólogo Kevin Dutton, da Universidade de Oxford, apontou que
ser presidente de uma empresa é o cargo mais almejado pelos psicopatas. A lista
segue em ordem pelas seguintes profissões: advogados, profissional de rádio e
televisão, vendedor, cirurgião, jornalista, policial, pastores e padres, chefe
de cozinha e funcionário público. Segundo o pesquisador, a preferência por
essas profissões acontece porque elas exigem tomadas de decisões frias e
objetivas, características típicas de psicopatas.
Entrevista
cedida pela psicóloga Marisa de Abreu para Revista Isto é
1.
Como você descreveria um
"psicopata corporativo"?
Psicóloga: Em boa parte das vezes ele é
charmoso, tem excelente postura, fala com confiança, conquista quem procura um
profissional motivado e inteligente (ou seja, todo mundo). O psicopata não tem
todo o conhecimento e capacidade técnica que faz as pessoas pensarem que tem,
mas é muito hábil em “responder sem responder” – habilidade encontrada nos
políticos, não que todo politico seja um psicopata pois ele treina para fazer
algo que seria muito natural no psicopata – ou seja, quando lhe fazem perguntas
ou lhe dão tarefas que exigem a habilidade necessária ele simplesmente
“escorrega” passando, de forma inteligente, a tarefa para outras pessoas ou faz
um serviço medíocre mas ainda tem argumentos muito bem articulados para tentar
convencer de que sua ação foi a melhor. Tudo isso para atingir seus objetivos
de poder e dinheiro.
2.
O que ele pode fazer de pior a um
colega ou até mesmo para uma empresa?
Psicóloga: Pode mentir, enganar, dar
rasteiras, jogar muito sujo mesmo. Pode sorrir e fazer as pessoas pensarem que
são suas amigas, convida para frequentar sua casa mas não se inibe em fazer
algo que prejudique a outra pessoa, como roubas clientes, falar mal sem
fundamento para a chefia deste colega, e até mesmo entrar na empresa para
roubar toda fonte de informação e clientes e abrir uma concorrência.
3.
E quais as consequências mais
comuns para suas vítimas?
Psicóloga: Raiva, prejuízos financeiros e
morais. Ele pode desmoralizar seus colegas de trabalho e muitas vezes não será
identificado como um psicopata, isso dificulta a recuperação da imagem
das pessoas que ele denegriu.
4.
Por que as empresas são campos
tão férteis para esse tipo de empregado?
Psicóloga: Porque, muitas vezes, o
psicopata procura o poder acima de tudo. Ele tenta provar que está acima da
média. Claro que no fundo é uma pessoa muito insegura e infeliz, mas não sabe
lidar com essas dificuldades. Dificilmente procura tratamento psicológico e
quando frequenta uma terapia reclama de insônia ou algo que não o desmascare de
imediato. Mas todo psicólogo desconfia deste perfil quando seu paciente passa a
usar as sessões de psicoterapia para se vangloriar de feitos e ditos, coloca a
culpa em todos ao seu redor quanto as coisas que dão errado em sua vida.
5.
O que uma pessoa pode fazer para
evitá-lo ou evitar ter atrito com ele?
Psicóloga: O ideal seria compartilhar suas
impressões com colegas e superiores, se você perceber alguma coisa e guardar
ele poderá virar contra você. Não deixe que seu charme o engane, pois ele
poderá tentar usar quem estiver por perto, como por exemplo, passar o serviço
dele para que você execute e ainda fará você pensar que “tudo bem” – afinal todo
tem tendência de levar numa boa às mazelas daqueles a quem simpatizamos.
6.
E as empresas, como podem se
precaver?
Psicóloga: Os departamentos de
recrutamento e seleção devem controlar a tentação de considerar que encontraram
o profissional perfeito. Isso não existe, caso apareça alguém muito exuberante,
com todos os conhecimentos que a empresa precisa, muito falante e
articulado – preste um pouco mais de atenção nas dinâmicas de grupo e perceba
se ele foi desleal com os colegas para brilhar mais que todos. Preste atenção a
quem reclama muito dos “invejosos”, que acha que só tem qualidades e que todos
os outros “inferiores” merecem ser passados para trás.
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